A composição de António Pinho Vargas “Memorial”, assinala, no próximo dia 15, no grande auditório da Culturgest, em Lisboa, os 20 anos da entrega do Prémio Nobel da Literatura a José Saramago.

Baseada nas obras “Ensaio sobre a cegueira”, “Ensaio sobre a lucidez” e “As intermitências da morte”, a nova obra para orquestra do compositor de “Seis retratos da dor” será interpretada pela Orquestra Metropolitana de Lisboa (OML), sob a direção de Jonas Alber, num concerto intitulado “Saramago, Nobel 1998: Memorial”.

“A minha admiração por José Saramago não tem limites. Na estranha tristeza que me atingiu quando soube da sua morte, veio-me à mente que ‘vivi no tempo de Saramago’. Ou seja, para mim, ele não era apenas ele. Era mais do que ele. Era um tempo”, escreveu António Pinho Vargas, poucos dias depois do desaparecimento do escritor, num depoimento ao jornal Público, agora recuperado pelo centro de Investigação e Informação da Música Portuguesa (mic.pt), que edita a sua obra.

A estreia de “Memorial” é acompanhada pela Sinfonia de câmara, Op. 110a, de Dmitri Chostakovitch, resultante do arranjo para orquestra de cordas do Quarteto op. 110 (1960), de Rudolph Barshai. O concerto é organizado pelas fundações José Saramago e Caixa Geral de Depósitos Culturgest.

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O programa das comemorações integra ainda a leitura ininterrupta romance “Todos os Nomes”, de José Saramago, no Teatro Nacional D. Maria II, a inauguração da exposição “Silêncio e Memória — 23 Prémios Nobel da Literatura”, no Torreão Poente da Praça do Comércio, e ainda a atribuição do nome do escritor a um largo em Lisboa.

No domingo, no Teatro Nacional D. Maria II, 20 atores irão ler, de forma ininterrupta, “Todos os nomes”, um dia antes de se celebrarem os 20 anos da entrega do primeiro Prémio Nobel da Literatura a um escritor português.

Foi a 10 de dezembro de 1998, que José Saramago recebeu o galardão da Academia Nobel, efeméride que a Fundação José Saramago, em colaboração com o Governo português, assinala agora com este conjunto de iniciativas.

No domingo, o romance “Todos os nomes” será lido, no Teatro Nacional D. Maria II, pelos atores Ana Brandão, António Fonseca, Beatriz Batarda, Carla Maciel, Carlos Marques, Cirila Bossuet, Isabel Abreu, João Grosso, Lúcia Maria, Márcia Breia, Maria do Céu Guerra, Maria João Luís, Miguel Seabra, Mónica Garnel, Pompeu José, Rita Cabaço, Rui Mendes, Sara Carinhas, Sara de Castro e Tiago Rodrigues.

A iniciativa aberta ao público vai decorrer na sala Garrett do D. Maria.

A comemoração é ainda assinalada pela inauguração do Largo José Saramago, em frente à Casa dos Bicos, onde se situa a fundação com o nome do escritor, nascido na Azinhaga do Ribatejo. O presidente da Câmara de Lisboa, Fernando Medina, está presente na inauguração.

Pouco depois, também será inaugurada, no Torreão Poente/Museu de Lisboa, na Praça do Comércio, a exposição intitulada “Silêncio e Memória — 23 Prémios Nobel da Literatura”.

Patente até 24 de fevereiro de 2019, a mostra, com curadoria de Miguel Ángel Invarato, conta com fotografia de Kim Manresa e texto de Xavi Ayén, e reúne 160 imagens e excertos de entrevistas realizadas a 23 dos Prémios Nobel da Literatura.

Segundo a folha de sala, esta exposição reproduz a cumplicidade e a intimidade que foi sendo gerada entre os artistas e escritores, num trabalho iniciado em 2005.

Entre os Nobel retratados, além de Jose´ Saramago, estão Gabriel Garci´a Ma´rquez, Wole Soyinka, Naguib Mahfuz, Nadine Gordimer, Derek Walcott, Toni Morrison, Kenzaburo Oe´, Wislawa Szymborska, Dario Fo, Gu¨nter Grass, Gao Xingjian, V.S. Naipaul, Imre Kerte´sz, John M. Coetzee, Orhan Pamuk, Doris Lessing, Jean-Marie G.Le Cle´zio, Herta Mu¨ller, Mario Vargas Llosa, Tomas Transtro¨mer, Patrick Modiano e Svetlana Aleksie´vich.

Para reforc¸ar esta ligac¸a~o com a literatura, existem pontos de leitura de textos, pensamentos e ideias dos 23 laureados.

Durante o peri´odo da exposic¸a~o, tera´ lugar, na Fundac¸a~o Jose´ Saramago, um programa paralelo, em parceria com a Embaixada da Sue´cia em Portugal, com confere^ncias dedicadas a alguns dos escritores.

A itinera^ncia europeia da exposição “Silêncio e memória – 23 Pre´mios Nobel de Literatura” tem início em Lisboa, estando ja´ assegurada a presenc¸a em Espanha e Ita´lia, depois de uma primeira apresentac¸a~o no Centro Nobel, em Estocolmo.

A exposic¸a~o e´ coorganizada pela Fundac¸a~o Jose´ Saramago e pela Ca^mara Municipal de Lisboa e conta com o apoio da Embaixada da Sue´cia, no a^mbito do programa paralelo.

Teve tambe´m o apoio da Epson e da Laminamarc e das editoras Porto Editora, D. Quixote, Editorial Presenc¸a, Quetzal e Relo´gio d’A´gua na disponibilizac¸a~o de livros destes autores.

No dia 08 de outubro de 1998, a Academia atribuiu o Prémio Nobel da Literatura ao escritor José Saramago, o primeiro autor a receber a distinção da academia sueca pelo conjunto da sua obra de que se celebram agora vinte anos.

A entrega do prémio realizou-se em Estocolmo, no dia 10 de dezembro de 1998.