O Governo guineense condenou esta sexta-feira a atitude das forças de segurança do país, que impediram três técnicos nigerianos de entrar no Gabinete Técnico de Apoio ao Processo Eleitoral (GTAPE), e vai abrir um inquérito à atuação da polícia.

Num comunicado divulgado à imprensa, o Governo “condena firmemente a atitude das forças de segurança que impediram a entrada de técnicos da Nigéria”.

O Governo esclareceu que os técnicos se encontram no país “por solicitação de sua excelência o Presidente da República com o propósito de participarem na configuração e parametrização do servidor doado pelo Governo de Timor-Leste para a consolidação dos dados do recenseamento eleitoral e consequente viabilização e produção dos cadernos eleitorais, conferindo assim maior fiabilidade ao processo de registo de eleitores”.

O Governo esclarece também que se tratou de uma “atuação fora do quadro legal, que não resultou de instruções nem do Presidente da República, nem do primeiro-ministro”.

Para o Executivo guineense o facto evidencia “desmando e anarquia na manutenção de um clima de ordem e segurança tão necessárias numa instituição como a GTAPE”.

O Governo decidiu também instituir uma “comissão de inquérito para o apuramento das circunstâncias que determinaram a atuação dos agentes de segurança e eventuais responsabilidades”.

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Na quarta-feira, a polícia guineense impediu que três técnicos nigerianos prestassem colaboração a peritos locais na configuração do servidor em que estão os dados do recenseamento eleitoral.

Fonte do comissariado da polícia indicou à Lusa que a ordem de retirada aos técnicos nigerianos das instalações do GTAPE foi dada pelo Ministério Público.

Por volta das 20:00 de quarta-feira, a polícia entrou nas instalações do GTAPE, no centro de Bissau, dando ordens para que os técnicos nigerianos abandonassem o local.

A pedido do Governo guineense, a Nigéria mandou fazer ?kits’ de registo biométrico, que estão a ser usados no recenseamento eleitoral na Guiné-Bissau, mas vários setores políticos têm vindo a questionar a fiabilidade do processo, levantando dúvidas sobre a real colaboração dos nigerianos.

Na quinta-feira ao final do dia, o Ministério Público decidiu mandar suspender o recenseamento eleitoral e bloquear as entradas no GTAPE, na sequência de uma queixa por alegadas irregularidades no processo eleitoral, apresentada por um grupo de partidos políticos, e que está a investigar.

Uma decisão já considerada ilegal pelo Governo.