O deputado Paulo Trigo Pereira vai desvincular-se da bancada do PS, para onde foi eleito como independente nas últimas eleições legislativas. A informação foi avançada pelo Jornal de Negócios e confirmada ao Observador pelo próprio. “A atitude do governo perante o grupo parlamentar do PS tornou-se mais paternalista e os meus votos ‘desalinhados’, mas justificados em declarações, levaram a um afastamento mútuo entre mim e a direção do grupo parlamentar”, diz o deputado em comunicado.

Trigo Pereira mantém o mandato de deputado, deixando apenas de estar integrado na bancada do PS. Essa informação, de acordo com o que o deputado explicou ao Observador, já foi comunicada ao líder da bancada, Carlos César. A forma como a direção da bancada socialista lidou com Trigo Pereira é uma das razões apontadas pelo deputado, no texto que enviou às redações, para esta rutura.

Quando a direção do grupo parlamentar do PS não dá a palavra em plenário, ao seu vice-presidente da comissão de Orçamento e Finanças (COFMA), nos debates mais importantes sobre finanças públicas (OE2019 e Programa de Estabilidade), como aconteceu este ano, e não esclarece porque é que certas propostas de alteração ao OE2019 são rejeitadas, está esclarecido o lugar que a direção do grupo parlamentar do PS atribui ao seu vice-presidente”, refere o deputado.

Trigo Pereira sublinha ainda que o seu apoio “a este Governo, com a crítica construtiva e a divergência, sempre que necessária, é inquestionável”. Mesmo tendo chegado por “acidente” ao Parlamento. “Nunca ambicionei um cargo político e a minha entrada na Assembleia República como deputado foi acidental”, depois de receber um convite do PS para integrar as listas do partido às legislativas de 2015. “Nestes três anos, assumi completamente a exclusividade do meu mandato e dei o que sei quer no grupo parlamentar do PS (a que aderi por opção natural no inicio do mandato) quer na COFMA, onde tenho assumido a vice-presidência, quer na comissão da transparência”, escreve na nota enviada às redações. “Dediquei-me na medida das possibilidades a Setúbal, círculo por onde fui eleito, e não tive tempo para a comissão de assuntos europeus (onde sou suplente)”, justifica ainda.

Depois, deixa a garantia: “Cumpri e continuarei a cumprir, escrupulosamente, a disciplina de voto e o compromisso ético que subscrevi antes de ser eleito como deputado independente nas listas do PS.” O afastamento da bancada liderada por Carlos César leva, ainda, a que deixa as funções de vice-presidente da Comissão de Orçamento e Finanças, uma vez que lhe foram atribuídas pela bancada parlamentar do PS.

Numa reação à saída do deputado, fonte da bancada parlamentar do PS disse à Lusa que “Paulo Trigo Pereira, ao contrário de outros deputados que também não são membros do PS, nunca se sentiu bem com os condicionamentos próprios que resultam de integrar um grupo”. “Creio que se sente mais confortável assim, pelo que respeitamos a sua decisão”, acrescentou a mesma fonte.

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