Os jogadores com o nome terminado em ic, diz-nos a História, dão-se bem no Benfica. Basta olhar para Zahovic, Matic e, mais recentemente, Krovinovic, que era o melhor jogador dos encarnados quando em janeiro sofreu uma grave lesão que só agora parece começar a superar. Andrija Zivkovic, sérvio de 22 anos que chegou à Luz, em 2016, parecia ser a exceção à regra. Aposta habitual para sair do banco na época passada, perdeu espaço para Cervi nos meses mais recentes e chegou a ficar fora de várias convocatórias de Rui Vitória.

Em setembro, falava-se no interesse do Everton de Marco Silva e também do Sevilha, que olhavam para o talento do Zivkovic e pretendiam fazer mais com ele do que estava a ser feito no Benfica. Esta sexta-feira, o jornal Record adiantava que o Shakhtar Donetsk tinha tentado levar o sérvio já no mercado de janeiro mas os encarnados blindaram o avançado com um valor mínimo de 30 milhões de euros. Entre o interesse de ingleses e espanhóis, que parecia ser bem recebido pelo Benfica, até à proposta dos ucranianos que foi prontamente rejeitada, algo se passou.

Zivkovic, que realizou toda a formação no Partizan e na última temporada no clube sérvio marcou 12 golos ao longo de 40 jogos, voltou a ser opção para Rui Vitória e está a tornar-se cada vez mais a escolha primordial para acompanhar Jonas a partir do corredor esquerdo e ser o complemento perfeito de Gedson e Grimaldo, jogadores de pendor ofensivo mas que precisam de encontrar respostas no colega que joga de costas para eles. Quando foi titular com o Feirense, na jornada anterior, Zivkovic entrou no onze inicial pela primeira vez esta temporada no que diz respeito a jogos do Campeonato: a aposta permaneceu contra o Paços de Ferreira, para a Taça da Liga, e repetiu-se novamente este sábado, com o V. Setúbal. No Bonfim, o avançado sérvio foi dos melhores elementos encarnados e um dos principais organizadores e desequilibradores que permitiram ao Benfica carimbar a terceira vitória consecutiva, igualando já aquela que era a melhor série da temporada.

À frente de Gedson e Grimaldo, compôs a jogada que deu origem ao golo de Jonas e podia mesmo ter marcado, de pé esquerdo e de primeira, quando aproveitou um mau alívio da defesa do V. Setúbal. Concentrado, discreto mas arrojado, é uma das vozes do treinador dentro de campo e está permanentemente a tentar corrigir as posições dos companheiros ou a realizar dobras defensivas para render um dos laterais.

E como se as titularidades não fossem suficientes, Rui Vitória sublinhou a confiança no sérvio em entrevista ao podcast “Conversas à Benfica”. O treinador do Benfica garantiu que o avançado nunca foi “carta fora do baralho” e que pensou imediatamente nele quando todos os outros estavam em “pânico” com a lesão de Krovinovic. “No ano passado descobri a posição de interior para o Zivkovic. Ele tanto pode atuar como interior do lado esquerdo ou médio ala do lado direito. Gosta de jogar nas duas posições. Foram questões de oportunidade. Quando perdemos o Krovinovic e começámos todos a entrar em pânico…’calma que está ali o Zivkovic'”, explicou Vitória.

A verdade é que Zivkovic está a atravessar um bom momento de forma — não só no Benfica mas também na seleção, já que no último jogo da Liga das Nações foi titular e teve intervenção em três dos quatro golos da Sérvia contra a Lituânia — e pode muito bem ser uma espécie de reforço a meio da época para Rui Vitória. Com a aposta em Zivkovic e o progressivo regresso de Krovinovic, o Benfica coloca a História no sítio e entrega o ataque a jogadores com o nome terminado em ic.

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