O genro de Donald Trump e um dos seus principais conselheiros, Jared Kushner, mantém-se em contacto de forma regular com o príncipe Mohammed Bin Salman (MBS), líder de facto da Arábia Saudita. De acordo com o The New York Times, os contactos entre os dois poderosos jovens mantiveram-se até depois do assassinato do jornalista Jamal Khashoggi no consulado saudita em Istambul, para preocupação de vários membros do Conselho de Segurança Nacional.

De acordo com o Wall Street Journal, a CIA “acredita que o príncipe saudita enviou mensagens para a equipa envolvida no assassinato” daquele jornalista dissidente.

De acordo com as fontes ouvidas por aquele jornal, Jared Kushner foi importante no reconhecimento de Donald Trump e da administração norte-americana de MBS como o líder de facto da Arábia Saudita, numa altura em que a luta pelo trono — de momento ocupado pelo pai de MBS, o rei Salman, que lida com problemas de saúde há vários anos — estava acesa. Foi durante esse processo que MBS chegou a ser convidado com honras de chefe de Estado para jantar na Casa Branca, cortesia de Jared Kushner.

O The New York Times conta que a aproximação dos dois jovens começou pouco depois da eleição de Donald Trump, em 2016. Nessa altura, em que os sauditas procuraram entender como era e como funcionaria a administração de Donald Trump, terão escrito numa apresentação de slides feita no regresso a Riade que dentro da equipa do atual Presidente “o círculo mais restrito é predominantemente composto por pessoas de negócios que não têm experiência com os costumes políticas e as instituições, e todos apoiam Jared Kushner”.

Na mesma apresentação de slides, que foi inicialmente divulgada pelo jornal libanês Al Akhbar e posteriormente traduzida para o inglês pelo The New York Times, a comitiva de governantes sauditas enviadas a conhecer a então nova administração norte-americana realçou o parco conhecimento de Kushner em relação à Arábia Saudita e à sua aliança estratégica com os EUA, iniciada na década de 1930.

“Kushner tornou claro a sua falta de familiaridade com a história das relações sauditas e americanas, e perguntou a posição [da Arábia Saudita] em relação ao terrorismo”, dizia a apresentação. “Depois da uma troca ideias, [Kushner] expressou a sua satisfação com que tinha sido explicado  sobre o papel dos sauditas no combate ao terrorismo”, lia-se num dos slides, apesar de o papel da Arábia Saudita no financiamento de grupos terroristas islamistas ser, a par do Qatar e do Irão, internacionalmente conhecido.

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