O Presidente da República apelou este domingo, a propósito do conflito entre Liga dos Bombeiros e Governo, para que todos os intervenientes evitem afirmações públicas que dificultem o diálogo neste “domínio muito sensível” da Proteção Civil.

Bombeiros voluntários abandonam estrutura da ANPC em protesto contra diploma do Governo

Marcelo Rebelo de Sousa assumiu esta posição ouvido pela agência Lusa sobre o anúncio feito pelo presidente da Liga dos Bombeiros, Jaime Marta Soares, de abandono da estrutura de Proteção Civil e a posterior troca de palavras com o ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita.

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Cabrita acusa Liga dos Bombeiros de “irresponsabilidade”, Marta Soares devolve: “Sabe que mentiu, não sabe?”

Neste contexto, o chefe de Estado apelou “a todos os intervenientes no sentido de evitarem afirmações públicas que tornem depois mais difícil o diálogo e o entendimento num domínio muito sensível para os portugueses como é o da Proteção Civil e, mais em geral, o da sua segurança”.

A tensão entre bombeiros e Governo subiu de tom este fim de semana, depois de a Liga dos Bombeiros Portugueses anunciar a decisão de abandonar a estrutura da Autoridade Nacional de Proteção Civil. A saída pretendia representar um “corte radical” num protesto contra os diplomas sobre as estruturas de comando aprovados pelo Governo.

Na resposta, o ministro da Administração Interna acusou a Liga de tomar uma decisão “absolutamente irresponsável” e que “põe em causa a segurança dos portugueses” “É absolutamente irresponsável admitir que estruturas que integram o sistema nacional da Proteção Civil possam não reportar ao sistema, isto é, por em causa a coordenação de meios”, disse Eduardo Cabrita já este domingo de manhã

O ministro foi mais longe e considerou “ilegal” a posição de não reportar informação às autoridades competentes e garantiu que haverá “consequências” para os incumpridores.

Contra-resposta da Liga de Bombeiros. Também este domingo, o presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses não foi contido nas palavras. “Você sabe que esteve a mentir, não sabe, senhor ministro?”, disse Jaime Marta Soares, de olhar fixo na câmara da RTP. “Não põe minimamente em causa, como o senhor ministro disse, a segurança das pessoas. Convido os portugueses a passarem pelos quartéis para verem se há ou não bombeiros.”

Foi para tentar travar esta troca de palavras que Marcelo veio a público pedir contenção na tomada de posições que dificultem o diálogo no futuro.