O Brasil ainda não conseguiu substituir 106 dos 8.332 médicos cubanos que participavam no programa ‘Mais Médicos’, estando agora a contratar médicos estrangeiros para prestar cuidados de saúde nos municípios mais remotos e pobres do país.

De acordo com um relatório divulgado esta segunda-feira pelo Ministério da Saúde, o concurso que foi aberto de urgência para contratar profissionais brasileiros que assumissem as 8.517 vagas abertas no programa ‘Mais Médicos’, atraiu 36.490 médicos, dos quais 8.411 já foram admitidos.

Dos contratados, 4.507 já compareceram nos seus postos de trabalho ou iniciaram operações nos seus locais de destino, o que corresponde a 53% dos substitutos.

Os restantes médicos colocados têm até 14 de dezembro para iniciar o seu trabalho.

No entanto, nenhum dos profissionais de saúde se interessou em 106 postos de saúde, fixados em 27 localidades, que são, na sua maioria, pertencentes a aldeias indígenas ou municípios isolados da Amazónia.

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Os locais que até agora ainda não interessaram aos médicos brasileiros correspondem a oito distritos indígenas e a 19 municípios da região amazónica, maioritariamente localizados no estado do Amazonas.

Para preencher essas vagas, o Ministério da Saúde informou que abriu um novo concurso no qual se podem inscrever médicos brasileiros que se formaram no exterior do Brasil ou médicos estrangeiros interessados em trabalhar no país sul-americano, com o benefício de não serem obrigados, inicialmente, a fazer um exame de validação do título médico.

O Governo de Cuba anunciou, no passado dia 14 de novembro, o fim da participação no programa “Mais Médicos”, devido às “declarações ameaçadoras” de Bolsonaro, relacionadas com modificações ao projeto governamental, que Havana considerou “inaceitáveis”, e com o condicionamento da aprovação em testes de competência, assim como do pagamento dos salários.

o Presidente eleito do Brasil, Jair Bolsonaro, considerou os médicos cubanos “escravos” de uma “ditadura”.

Segundo os acordos entre Brasil, Cuba e a OPAS, os médicos cubanos recebiam 30% de seu salário no Brasil e o valor restante era destinado ao Governo de Havana, o que Bolsonaro considerou “inaceitável”.

A maioria dos médicos cubanos já deixou o país e os que ainda não foram repatriados já deixaram de trabalhar há vários dias, e aguardam agora voos pagos pelo Governo de Cuba para regressarem ao seus país de origem.

O programa “Mais Médicos” foi criado em 2013 pela então Presidente brasileira Dilma Rousseff e permitiu a milhares de médicos cubanos a prestação de cuidados às populações das áreas rurais do Brasil.