A circulação fluvial entre Seixal e Lisboa esteve interrompida na manhã desta terça-feira, depois de um grupo de passageiros ter forçado a entrada num barco que já tinha atingido a capacidade máxima, noticiou o Correio da Manhã. A Transtejo/Soflusa acabou por desviar um barco de Cacilhas para reforçar a circulação Seixal-Cais do Sodré.
“Neste momento, penalizando a ligação de Cacilhas desviámos um navio para reforço, o que é muito penalizador para os passageiros de Cacilhas. Contudo, o que podemos garantir é que os passageiros estão a ser transportados em segurança e nenhum fica em terra”, disse à Lusa Marina Ferreira, presidente da Transtejo/Soflusa.
A Polícia Marítima tomou conta da ocorrência no Terminal Fluvial do Seixal, onde foram registados vários desacatos. O comandante Coelho Gil, do comando-local da Polícia Marítima de Lisboa, disse ao Observador que são “chamados com frequência” e que “não são raros os casos de excesso de lotação”, que impedem que os barcos saiam do cais.
Quando os passageiros se aperceberam de que o horário das 8h10 tinha sido suprimido, o que significava que os passageiros que já tinham conseguido passar os torniquetes só começariam a viagem às 8h30. Como o barco já estava cheio, muitos passageiros tinham ficado retidos na sala de espera e decidiram aceder ao cais de embarque pela rampa de saída. Com excesso de lotação, o responsável da embarcação decidiu não sair do cais.
“As pessoas estavam bastante chateadas com a situação”, justificou um dos passageiros ao Observador. Icaro Auzier disse ainda que a situação “muitas vezes é normal no Seixal e chega um momento que as pessoas se cansam”.
Perante a situação, foi pedido outro barco para fazer o serviço a partir do Seixal e dividir os passageiros em excesso. Mas não terá sido isso que aconteceu, conforme contou Gisela Taborda ao Observador. A passageira já se encontrava dentro do primeiro barco — o que tinha excesso de lotação — há 40 minutos, quando chegou o segundo barco. As portas foram fechadas e os passageiros do primeiro barco impedidos de sair, tendo o segundo barco enchido com as pessoas que estavam à espera na sala de espera ou no exterior.
Gisela Taborda contou que o barco que ficou retido por excesso de lotação acabou por sair do cais com pessoas a mais, porque poucos foram aqueles que saíram do barco. A verdade, disse, é que o barco “sai várias vezes [com excesso de lotação] pelos atrasos e ninguém faz nada”. A viagem que tinha previsto para as 8h10 e que foi adiada para as 8h30 acabou por só acontecer às 9h55. Na declaração que lhe entregaram para justificar o atraso junto da entidade patronal, a Transtejo/Soflusa escreveu que o atraso se deveu a “avaria”.
Atualmente, e segundo o relato dos passageiros, a ligação entre o Seixal e o Cais do Sodré tem sido feita exclusivamente com um barco. Com um único barco a fazer a viagem de ida e volta, a quantidade de passageiros à espera pode ultrapassar a capacidade da embarcação como se verificou esta terça-feira. “Ando há 30 anos de barco e nunca esteve tão mau”, acrescentou Gisela Taborda.
“Vergonhoso o que se tem passado nos últimos dias com as carreiras dos barcos Seixal/Lisboa. Só um barco a funcionar na hora de ponta, a ir e voltar. Muitas carreiras canceladas, com todo o prejuízo para quem necessita de atravessar o Tejo a horas para ir trabalhar ou para a escola”, conta Dário Rodrigues no Facebook. “Como é óbvio, quando o barco chega, quem espera no cais já passa a lotação máxima, fazendo com que quem fica tenha de esperar perto de uma hora para que o barco vá e volte de Lisboa.”
Marina Ferreira explicou à Lusa que a ligação entre o Seixal e o Cais do Sodré só está a ser feita com um barco porque um dos catamarãs teve um problema no domingo. Uma situação que espera ver resolvida na quinta-feira.
“Desde então a ligação está a ser feita com um catamarã em vez de dois, o que está a provocar atrasos no embarque com especial relevância durante a hora de ponta. Estamos a fazer tudo para repor a situação o mais rapidamente possível. Esperemos fazê-lo com dois catamarãs na quinta-feira”, disse.
Ao chegar ao Cais do Sodré, Gisela Taborda com outros passageiros — maioritariamente mulheres e jovens universitários, disse — tentou falar com a administração da empresa, que terá optado por chamar a polícia.
Atualizado às 11h45