Líderes políticos e empresários de 50 países pediram esta terça-feira, em Nairobi, capital do Quénia, uma harmonização das políticas digitais em África que facilitem e reforcem o comércio eletrónico.

“A África deve aproveitar esta oportunidade para não ser desfavorecida no desenho de políticas digitais”, frisou o Presidente do Quénia, Uhuru Kenyatta, na sessão de abertura da Semana do Comércio Eletrónico da África, que se realiza na sede das Nações Unidas em Nairobi, até sexta-feira.

No seu discurso, o chefe de Estado queniano, referiu que “a tecnologia digital pode contribuir para o progresso e o desenvolvimento de uma área de comércio regional que seja sustentável”, sublinhando a necessidade de ter infraestruturas de telecomunicações eficazes, assim como proteger os consumidores da Internet.

Segundo dados mais recentes do índice elaborado anualmente pela Agência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD), África é a região do mundo que menos desenvolveu o seu mercado digital.

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Nenhum dos 54 Estados africanos está entre os dez principais países na classificação geral e nenhum consegue entrar na lista dos primeiros dez países em desenvolvimento, um índice liderado por Singapura.

Representantes do Fórum abordaram esta terça-feira, entre outros problemas, a falta de acesso da população à Internet, devido ao elevado custo que isso pode ter em alguns casos, ou a insegurança das redes de correio eletrónico no momento de entrega dos produtos.

O Comissário da União Europeia (UE) para o Mercado Único Digital e vice-presidente da Comissão Europeia (CE), Andrus Ansip, apontou o mercado digital como um “espaço económico chave”, que requer uma boa “conectividade” em todo o continente.

Andrus Ansip explicou que desde 2014, o uso individual de Internet e a segurança dos servidores eletrónicos têm crescido na África a um ritmo superior do que em qualquer outra região do mundo, o que “demonstra claramente que não há falta de demanda”.

Contudo, o secretário-geral da UNCTAD, Mukhisa Kituyi, lamentou que “enquanto metade da Humanidade está conectada à Internet, apenas um quarto dos africanos estão”, portanto, não podem “celebrar que a economia digital esteja a crescer, quando 50% pertence apenas ao Quénia, África do Sul e Nigéria”.

Para Anna Ekeledo, fundadora da rede de centros de inovação da Fundação Afrilabs, a falta de investimento representa outro dos desafios que o setor digital africano deve resolver, reivindicando hoje tanto o envolvimento de governos como de promotores privados para impulsionar empresas emergentes no domínio digital na África.

Mais de mil participantes de 48 países participam no Fórum em Nairobi, incluindo líderes políticos, representantes de cerca de 330 empresas, bem como empreendedores e empresários de pequenas e médias empresas e membros de organizações da sociedade civil.