A primeira-ministra britânica afirmou esta terça-feira em Bruxelas que os líderes da União Europeia estão empenhados em ajudar a desbloquear a ratificação do acordo sobre o ‘Brexit’, o que o presidente do Conselho Europeu confirmou, mas questionou como.

Após um encontro com Theresa May na sede do Conselho Europeu, em Bruxelas, Donald Tusk deu conta, na rede social Twitter, de uma “discussão longa e franca” com a primeira-ministra britânica “antes da cimeira do ‘Brexit'”, que convocou para a próxima quinta-feira após o governo britânico ter decidido adiar a votação no parlamento do acordo para a saída ordenada do Reino Unido do bloco europeu.

“É claro que a UE27 quer ajudar. A questão é como”, conclui o presidente do Conselho Europeu na sua mensagem.

Por seu lado, Theresa May, que esta terça-feira já esteve em Haia e em Berlim antes das reuniões em Bruxelas — com Tusk e com o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, esta última a decorrer esta terça-feira à noite –, afirmou que “há uma determinação partilhada de lidar com esta questão e resolver o problema”.

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No entanto, os líderes da UE têm advertido que está fora de questão renegociar o acordo firmado com Londres e já aprovado pelos chefes de Estado e de Governo da UE a 27 em 25 de novembro passado, uma ideia reiterada esta terça-feira por Juncker num debate no Parlamento Europeu.

“Estou espantado, porque chegámos a um acordo com o governo britânico. No entanto, surgiram problemas no caminho. Vou encontrar-me com Theresa May esta noite e tenho de dizer aqui, no PE, que o acordo que alcançámos é o melhor acordo, é o único acordo possível. Não há qualquer espaço para uma renegociação, há sim espaço suficiente para clarificações. Todos precisam de saber que o acordo de saída não vai ser reaberto, isso não vai acontecer”, asseverou.

Também Tusk, quando anunciou na segunda-feira a realização de uma reunião de líderes sobre o ‘Brexit’ na próxima quinta-feira, advertiu desde logo que não há espaço para reabertura de negociações.

“Não vamos renegociar o acordo, incluindo o ‘backstop’, mas estamos prontos a discutir como facilitar a ratificação pelo Reino Unido”, escreveu então Tusk, acrescentando que, “uma vez que o tempo está a esgotar-se”, os líderes da União Europeia a 27 irão também discutir “preparativos para o cenário de um não-acordo”.

Na segunda-feira, perante a ausência de uma maioria no parlamento que lhe permitisse confirmar o pacto negociado com a UE e que recebeu a aprovação dos restantes 27 Estados-membros, May, admitindo que o acordo seria rejeitado na votação agendada para hoje por “larga margem”, anunciou que a votação foi adiada para tentar obter “garantias adicionais” de Bruxelas sobre a Irlanda do Norte.

A chefe do Governo acrescentou que iria dialogar com os líderes europeus antes da cimeira desta semana para tentar esclarecer os termos do mecanismo de salvaguarda previsto para evitar o regresso de uma fronteira na ilha da Irlanda, o tema mais difícil das negociações e que originou as maiores divergências.