A adesão à greve desta quinta-feira dos enfermeiros do Centro Hospitalar Lisboa Ocidental chegou aos 100% na urgência pediátrica do Hospital São Francisco Xavier e no bloco de oftalmologia do Egas Moniz, segundo o sindicato.

De acordo com os dados disponíveis pelas 10h45, no Hospital São Francisco Xavier a unidade de cuidados intensivos tinha 70% de adesão, a urgência geral 60%, o hospital de dia de oncologia 75% e, no Egas Moniz, o bloco operatório estava com 75% de adesão, a unidade de cirurgia ambulatória 80%, a consulta de dermatologia 80% e as técnicas de gastro 60%.

“Lembro que os enfermeiros são responsáveis e asseguram sempre os cuidados mínimo a prestar à população”, disse à agência Lusa Isabel Barbosa, do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP), em declarações frente ao Hospital São Francisco Xavier, onde cerca de meia centena de enfermeiros se juntaram esta quinta-feira de manhã em protesto.

Esta paralisação, que decorreu entre as 8h00 e as 11h00 neste centro hospitalar — que inclui também o Hospital de Santa Cruz –, foi convocada pelo SEP pela justa contabilização de pontos para todos os enfermeiros, independentemente do vínculo, para efeitos do descongelamento das progressões na carreira.

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Em declarações à Lusa, Isabel Barbosa lembrou que estes profissionais estão “a reivindicar o descongelamento prometido por este governo PS“. “Foi anunciado que todas as carreiras da Administração Pública iam ser desbloqueadas e a verdade é que, se virmos instituição a instituição, isto não se verifica”, afirmou, exemplificando: “Neste centro hospitalar a maioria dos enfermeiros não tem os pontos suficientes para progredir e já deveriam ter”.

“Estamos a falar de enfermeiros com mais de 20 anos de exercício que, neste momento, não têm condições para progredir, estão na primeira posição remuneratória da carreira e poderão continuar assim nos próximos anos”, acrescentou.

Isabel Barbosa explicou que os enfermeiros iam entregar à administração do Centro Hospitalar Lisboa Ocidental um “presente de Natal” com 600 assinaturas a recordar as reivindicações destes profissionais e exigir a “imediata aplicação” das normas e regras relativas ao descongelamento das progressões.

“Hoje vamos entregar cerca de 600 assinaturas na administração, que tem autonomia suficiente para poder alterar esta situação. Por sua vez, o Governo tem também o dever de emitir orientações claras para todas as instituições para que façam o desbloqueamento das carreiras de enfermagem”, afirmou.

Os enfermeiros presentes distribuíam ainda uma “Carta ao Pai Natal”, em que recordam o que estava previsto no Orçamento do Estado e explicam: “Sempre me portei bem, cuidei dos doentes com profissionalismo apesar da carência de enfermeiros e fiz muitas horas extraordinárias, abdicando de folgas e feriados, sem que a administração me recompensasse”.

“Este ano peço para o meu sapatinho e dos meus colegas: 1,5 pontos de 2004 a 2014; a não consideração do reposicionamento nos 1.201 euros para início da contagem e a aplicação de pontos aos CIT [Contratos Individuais de Trabalho]”, escrevem.