A administração dos Estados Unidos declarou esta quinta-feira que pretende reforçar as relações comerciais com países africanos para garantir a salvaguarda da independência económica destes e contrariar as tendências de domínio económico da China e da Rússia.

O Conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, John Bolton, apresentou esta quinta-feira, em Washington, uma nova estratégia da administração do Presidente Donald Trump para as relações externas com os países africanos, durante a qual criticou as tendências da Rússia e da China no continente, falando em “ações predatórias” das duas potências, vistas como “concorrentes de grande poder”.

Para Bolton, a Rússia e a China “direcionam deliberadamente e agressivamente os seus investimentos na região para ganhar uma vantagem competitiva sobre os Estados Unidos”.

A China investiu 6.400 milhões de dólares (5.640 milhões de euros) em negócios localizados no continente africano em 2016 e 2017, para além de dar apoio estatal a vários projetos, usando a dívida destes países com o fim de “manter Estados em África presos às exigências e desejos de Pequim”, disse Bolton, que criticou a corrupção e falta de ética da parte dos chineses.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Acrescentou que iniciativas estratégicas, como a Nova Rota da Seda, aumentam o “domínio global da China”, que já tem demonstrado “efeitos perturbadores” em África.

De forma específica, Bolton referiu-se aos exemplos da ajuda económica chinesa à Zâmbia e ao Djibouti, que resultam em dívidas de grandes valores (a da Zâmbia pode ascender a 8.800 milhões de euros), que permite à China aproveitar-se das classes políticas e instalar bases militares para dificultar as missões americanas.

Segundo John Bolton, a relações comerciais entre EUA e países africanos vão garantir independência e suficiência económica aos países africanos e uma maior proteção dos interesses norte-americanos, nomeadamente na área da Segurança Nacional.

Nesse sentido, o responsável indicou a iniciativa de investimento “Prosper Africa” (“África Próspera”), que visa aumentar o poder económica da classe média africana, a criação de emprego e melhorar o ambiente para os negócios na região.

Os EUA vão também potenciar e alavancar o desenvolvimento em África com ferramentas modernas e um acesso diferenciado a financiamentos, declarou John Bolton, acrescentando que o reforço das relações comerciais dá margem aos parceiros africanos para responderem melhor a ameaças terroristas.