Uma vagina biónica, criada através de tecnologias 3D, foi premiada pelo MIT, Massachusetts Institute of Technology, na edição de 2018 do IDEA2Global. A prótese inovadora pode ser usada por mulheres que nasceram sem órgão sexual feminino, por quem tenha sofrido mutilação genital ou por transexuais que tenham sido submetidos a operações de mudança de sexo.
A Paciencia Prothesis — desenvolvida por uma equipa multidisciplinar liderada pela investigadora María Isabel Acién, ginecologista do Hospital de Sant Joan d’Alacant e professora na Universidade Miguel Hernández, em Valencia, Espanha — recebeu o prestigiado galardão Cantabria Labs, atribuído pelo organismo com sede em Cambridge, depois de lhe ter sido reconhecido “potencial para melhorar a qualidade de vida das pacientes”.
María Isabel Acién diz estar já em conversações com a organização não governamental Amref Health Africa para que a prótese seja implementada no continente africano. África é o local do globo onde a mutilação gentital feminina está mais bem documentada pela UNICEF, com 29 países a praticá-la. Em alguns deles – Burkina Faso, Djibuti, Egito, Eritreia, Guiné, Mali, Mauritânia, Serra Leoa, Somália e Sudão – entre 67% a 98% das mulheres com idades entre 15 e 49 anos sofreram a excisão genital.
Uma prótese mais ligeira e confortável
Ao contrário de outras opções que já existem, a investigadora explica que esta prótese é mais ligeira e confortável para as pacientes, porque “pode ser simplesmente sustentada pela musculatura pélvica”, não sendo necessário o fecho da vulva, reduzindo também o risco de complicações e infeções. María Isabel Acién salienta ainda que, depois da intervenção, a Paciencia Prothesis permite retomar relações sexuais mais cedo do que com as outras opções disponíveis no mercado.
We've presented the PACIENA prosthesis to the IDEA2 program. Tomorrow we will share it with the Jury Panel. Thank you for the opportunity and mentoring @MIT @MITlinQ @FipseOficial @UniversidadMH @FundacionUMH #Boston #Startup #Innovation pic.twitter.com/fQwrkEkY5p
— Clara Gómez (@claragomez_corp) December 6, 2018
Outras vantagens apontadas pela cientista são a simplificação e melhora da cirurgia neovaginal já que esta prótese é fabricada com um material que promove a epitelização (reconstrução da pele), sem necessidade do usar enxertos de pele na paciente. Os tempos de internamento também são mais reduzidos.
Para já, a PacienciaProthesis ainda não tem licenças de comercialização, mas María Isabel Acién avança que a sua equipa está a trabalhar nesse sentido, de forma a poder disponibilizar a prótese no mercado europeu e norte-americano, o que acredita que irá acontecer em breve, disse, citada pelo El Diario.