787kWh poupados com a
i

A opção Dark Mode permite-lhe poupar até 30% de bateria.

Reduza a sua pegada ecológica.
Saiba mais

Keizer, o mestre que soube ser aluno e ouviu os avisos (a crónica do Sporting-Nacional)

Este artigo tem mais de 5 anos

O Nacional foi a Alvalade realizar uma grande primeira parte e foi para o intervalo a ganhar por 0-2. No segundo tempo, Keizer soube interpretar o jogo e deu uma lição tática.

O Sporting esteve a perder mas deu a volta e acabou por golear o Nacional
i

O Sporting esteve a perder mas deu a volta e acabou por golear o Nacional

EPA

O Sporting esteve a perder mas deu a volta e acabou por golear o Nacional

EPA

Marcel Keizer é sobrinho de um dos pais do “Futebol Total” holandês e treinou o Ajax, arquétipo maior da organização tática e da metodologia ofensiva que o agora técnico do Sporting tem vindo a implementar na equipa de Alvalade. Ora, na conferência de imprensa de antevisão do jogo com o Nacional, Keizer garantiu que estava à espera de enfrentar uma equipa “como outras que tem visto em Portugal”. O que é que o holandês queria dizer com isto? “Bem organizada. Os treinadores portugueses organizam bem as suas equipas. Esperamos uma equipa forte taticamente amanhã”, explicou.

A esta afirmação, juntava-se o aviso de José Mota, treinador do Desp. Aves, na jornada anterior. No fim de semana passado, os avenses perderam em Alvalade por 4-1 depois de até terem começado o jogo a vencer. No final da partida, o treinador português alertou Keizer para o facto de os técnicos nacionais serem “muito bons” e para a permeabilidade e fragilidade defensiva da forma como o Sporting vem a jogar desde que o holandês aterrou no Aeroporto Humberto Delgado. De escassez de aviso e falta de conhecimento, Keizer não se podia queixar.

Na ressaca positiva da vitória frente ao Vorskla, no último jogo da fase de grupos da Liga Europa, o adversário era o Nacional de Costinha. Marcel Keizer não tinha Montero, que se lesionou contra os ucranianos, não tinha Wendel, que se lesionou contra o Desp. Aves, e não tinha Acuña, que foi expulso no jogo com os avenses e estava castigado. Entravam para o onze Bruno César, no lugar do virtuoso médio brasileiro, e Jefferson, para render o argentino. De resto, o habitual: Bruno Gaspar na lateral direita, Coates e Mathieu no eixo da defesa, Gudelj como médio de cariz mais defensivo e Bruno Fernandes em terrenos mais interiores do corredor direito. Lá à frente, Nani de um lado, Diaby do outro e o inevitável Bas Dost. Costinha, por sua vez, não podia contar com Marakis, também castigado, nem com os lesionados Arabidze e Tissone.

Mostrar Esconder

Ficha de jogo

Sporting-Nacional, 5-2

13.ª jornada da Primeira Liga

Estádio de Alvalade, em Lisboa

Árbitro: Fábio Veríssimo (AF Leiria)

Sporting: Renan, Bruno Gaspar, Coates, Mathieu, Jefferson, Bruno Fernandes, Gudelj, Bruno César (Miguel Luís, 45′), Diaby, Bas Dost, Nani (Jovane, 68′)

Suplentes não utilizados: Salin, André Pinto, Ristovski, Carlos Mané, Petrovic

Treinador: Marcel Keizer

Nacional: Daniel, Kalindi, Felipe, Júlio César, Nuno Campos, Vítor Gonçalves, Palocevic (Hamzaoui, 80′), Jota, Camacho (Riascos, 77′), Bryan Rochez, Witi (Gorré, 89′)

Suplentes não utilizados: Ohoulo, Diogo Coleho, Cerqueira, Diego Barcelos

Treinador: Costinha

Golos: João Camacho (6′), Palocevic (25′), Bas Dost (p, 35′ e 87′), Bruno Fernandes (69′ e 90+1′), Mathieu (75′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Mathieu (25′), Coates (32′), Bruno Fernandes (57′), Filipe Lopes (73′), Kalindi (85′), Hamzaoui (86′)

Logo nos primeiros segundos de jogo, o Nacional deu o mote para aquilo que seria a primeira parte dos madeirenses: jogada pelo corredor direito, o de Jefferson, e João Camacho a surgir isolado na cara de Renan. O guarda-redes brasileiro segurou e manteve o nulo no marcador quando ainda não estava cumprido um minuto de jogo. Não deu golo, mas deu novo aviso para Marcel Keizer. O Nacional, bem preparado e com a lição estudada, sabia que a fragilidade do Sporting no jogo deste domingo estava na lateral direita. Jefferson, mais débil do que Acuña no setor defensivo e sem a força e a garra do argentino para compensar a falta de capacidade com entrega, era o alvo a abater por parte do ataque insular. O Sporting entrou algo passivo — como aliás tem feito nos últimos jogos — e permitiu aos madeirenses o controlo do meio-campo, que foi a alavanca necessária para lançar transições rápidas e contra-ataque a dois ou três passes. Os leões, ainda que inteligentes na troca de bola e na gestão da posse, estavam pouco proativos e resistiam demasiado ao último passe na profundidade, tantas vezes solicitado por Bruno Gaspar e Diaby.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Logo aos seis minutos, aproveitando as falhas posicionais do meio-campo leonino, o Nacional lançou-se rapidamente para o contra-ataque e descobriu Witi na ala esquerda. O cabo-verdiano conseguiu intrometer-se em terrenos mais interiores e deixou para João Camacho, que na meia-lua e à meia volta atirou de pé direito e sem hipótese para Renan. O médio formado na Choupana, que já tinha avisado logo nos primeiros segundos, não falhou a segunda oportunidade que teve e pôs o Nacional a ganhar em Alvalade.

O Sporting procurou reagir mas Bruno César mostrava-se ineficaz na ligação do meio-campo com o ataque e Bruno Fernandes era chamado demasiadas vezes a tarefas defensivas, para render o brasileiro, para poder surgir no último terço do terreno. Lá à frente, Nani teve pouca bola e Diaby era o principal desequilibrador dos leões, ao empenhar-se em autênticas cavalgadas pelo corredor direito que tinham o objetivo único de colocar a bola certinha para Dost só precisar de encostar. Foi isso que fez aos 18 minutos, quando cruzou atrasado e o avançado holandês desenhou um movimento perfeito que o deixou sozinho no coração da grande área para bater Daniel Guimarães. O lance, ainda assim, foi anulado por Fábio Veríssimo por fora de jogo do avançado maliano.

O Sporting tinha mais bola e mais posse mas era o Nacional quem atacava mais, quem criava mais perigo, quem rematava mais e quem ficava mais perto do golo. Os madeirenses balançavam-se para a frente sempre pelo corredor direito, onde João Camacho e Vítor Gonçalves faziam o que queriam de Jefferson. E foi exatamente assim que surgiu o segundo da equipa de Costinha: reposição de bola na direita, cruzamento tenso e certeiro para a área de Renan e Palocevic a surgir completamente sozinho, entre os dois centrais, a cabecear sem hipótese para o guarda-redes verde e branco. Coates e Mathieu ficaram a olhar um para o outro, não comunicaram, nenhum se mexeu e Palocevic agradeceu. 25 minutos e o Nacional vencia por 0-2 em Alvalade.

Depois do segundo golo, o Sporting atravessou um período de pouca clarividência e discernimento e podia até te sofrido o terceiro golo, num livre à medida batido por Palocevic que só parou nas luvas de Renan. Keizer tirava apontamentos, Dost desesperava sempre que Bruno Fernandes decidia rematar à baliza em vez de passar a bola e Nani continuava demasiado discreto. Numa altura que em os leões nem sequer estavam a conseguir construir com qualidade, Diaby voltou a aparecer em velocidade na direita, voltou a cruzar para Dost mas desta vez o holandês foi carregado em falta por Vítor Gonçalves. Na conversão, Dost nao falhou. O Sporting ainda procurou o empate antes da ida para o intervalo para voltar para o segundo tempo com o jogo relançado mas não conseguiu chegar ao golo: na ida para o descanso, o Nacional estava a vencer por 1-2 em Alvalade, tinha menos faltas, mais ataques e mais remates enquadrados.

No regresso para a segunda parte, Marcel Keizer detetou rapidamente qual estava a ser o problema e, na impossibilidade de retirar Jefferson por escassez de opções, trocou Bruno César pelo miúdo Miguel Luís, que realizou uma exibição de encher o olho contra o Vorskla. O Sporting voltou melhor e de cara lavada — tal como já tinha acontecido contra o Desp. Aves — e tentou chegar ao empate de forma quase imediata. O maior ímpeto de Diaby, contudo, ficou na primeira parte, e deu lugar à velocidade e qualidade individual de Nani, que se revelou uma das unidades em destaque no segundo tempo. Miguel Luís entrou com pouco impacto e Bruno Fernandes continuava sem conseguir penetrar de forma interior em zonas mais avançadas do terreno. Os leões tinham o controlo do jogo mas o último passe falhava constantemente e acabava por ser o Nacional a criar mais perigo. Keizer decidiu mexer e tirou Nani para lançar Jovane — naquele que foi o momento fulcral para a remontada que terminou em goleada.

Numa das primeiras ações que teve no jogo, o avançado isolou Bas Dost na cara de Daniel Guimarães: o holandês, num erro que raramente comete, adiantou demasiado a bola. Num lance que parecia já perdido, Dost conseguiu tocar para Bruno Fernandes, que rematou para a baliza deserta e empatou a partida. Aos 69 minutos, depois de ir buscar a bola ao fundo das redes para a colocar no centro do terreno o mais depressa possível, o semblante do médio português mostrava que o objetivo era vencer. Cerca de cinco minutos depois, Gudelj sofreu uma falta dura à entrada da grande área e o central Mathieu foi o chamado para converter o livre. Num gesto técnico que não é para todos — muito menos para todos os defesas — o francês rematou de pé esquerdo, bateu Daniel Guimarães e lançou o Sporting para a frente do resultado pela primeira vez no jogo. Até ao final, e até números que não espelham a qualidade do Nacional, Bas Dost ainda converteu outra grande penalidade e Bruno Fernandes também bisou, fixando o resultado em 5-2.

[Carregue nas imagens para ver alguns dos melhores momentos do Sporting-Nacional]

Marcel Keizer soube interpretar o jogo ao intervalo, lançou Miguel Luís para soltar Bruno Fernandes e estimulou a presença de Coates e Mathieu no meio-campo, de forma a libertar Diaby e Nani e criar desequilíbrios númericos que apanharam a defesa madeirense desprevenida. O Nacional veio a Alvalade fazer uma grande primeira parte mas foi esmagado por um ainda maior segundo tempo dos leões. O treinador leonino estava avisado e preparou-se para isso: a segunda parte do Sporting, que tem já o melhor ataque do Campeonato, foi uma lição tática do professor Keizer que soube ser aluno e ouvir as recomendações.

Assine por 19,74€

Não é só para chegar ao fim deste artigo:

  • Leitura sem limites, em qualquer dispositivo
  • Menos publicidade
  • Desconto na Academia Observador
  • Desconto na revista best-of
  • Newsletter exclusiva
  • Conversas com jornalistas exclusivas
  • Oferta de artigos
  • Participação nos comentários

Apoie agora o jornalismo independente

Ver planos

Oferta limitada

Apoio ao cliente | Já é assinante? Faça logout e inicie sessão na conta com a qual tem uma assinatura

Ofereça este artigo a um amigo

Enquanto assinante, tem para partilhar este mês.

A enviar artigo...

Artigo oferecido com sucesso

Ainda tem para partilhar este mês.

O seu amigo vai receber, nos próximos minutos, um e-mail com uma ligação para ler este artigo gratuitamente.

Ofereça artigos por mês ao ser assinante do Observador

Partilhe os seus artigos preferidos com os seus amigos.
Quem recebe só precisa de iniciar a sessão na conta Observador e poderá ler o artigo, mesmo que não seja assinante.

Este artigo foi-lhe oferecido pelo nosso assinante . Assine o Observador hoje, e tenha acesso ilimitado a todo o nosso conteúdo. Veja aqui as suas opções.

Atingiu o limite de artigos que pode oferecer

Já ofereceu artigos este mês.
A partir de 1 de poderá oferecer mais artigos aos seus amigos.

Aconteceu um erro

Por favor tente mais tarde.

Atenção

Para ler este artigo grátis, registe-se gratuitamente no Observador com o mesmo email com o qual recebeu esta oferta.

Caso já tenha uma conta, faça login aqui.

Assine por 19,74€

Apoie o jornalismo independente

Assinar agora