A versão definitiva do modelo de apoio às artes será publicada em fevereiro e as estruturas artísticas deverão ter resultados dos concursos antes do verão de 2019, afirmou esta segunda-feira à Lusa a ministra da Cultura.

Graça Fonseca explicou que esta semana vai ser publicado e colocado em discussão pública o modelo de apoio às artes, já revisto, integrando 24 propostas que obtiveram consenso, entre as 36 apresentadas pelo grupo de trabalho, criado para discutir a reformulação de regras.

Segundo Graça Fonseca, há dois meses no cargo de ministra da Cultura, “todas as propostas acolhidas [no grupo de trabalho] têm apenas impacto ou nas portarias ou nos avisos de abertura de concurso”.

“Não implicam alteração do decreto-lei, o que nos permite ter um calendário de concurso bastante mais folgado”, disse.

Apesar de toda a discussão ocorrida durante vários meses no grupo de trabalho – com representantes do setor -, por lei, o documento tem de estar em consulta pública durante trinta dias.

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Nesse período “é possível que surjam contributos de várias entidades relativamente ao que alterámos face ao modelo anterior”. “Esses contributos serão analisados. Não é previsível ou expectável que venham a pôr em causa” a revisão proposta, disse.

Em causa está um novo modelo de apoio às artes muito contestado pelas estruturas culturais quando, no início deste ano, saíram os resultados provisórios dos concursos.

A contestação culminou em abril com manifestações em várias cidades, levando o primeiro-ministro, António Costa, a garantir que o modelo seria revisto e que os montantes disponíveis seriam reforçados.

Graça Fonseca recordou que o Orçamento do Estado para 2019 contempla 25 milhões de euros para o apoio às artes, através da Direção-Geral das Artes, com um aumento de 16% face a 2018.

Questionada sobre este processo de alteração do modelo entre 2018 e 2019, com impacto na vida das estruturas culturais, Graça Fonseca reconheceu que não é possível apagar o que já aconteceu.

“A partir da experiência de 2018, a partir do trabalho que foi feito entre pessoas das áreas da cultura e de todas as entidades – que representam mais de 900 estrutura do país -, aproveitar todo o trabalho e aceitar praticamente cem por cento das propostas apresentadas em consenso, conseguimos aumentar as verbas a ainda antecipar os prazos. Não estamos a empatar, pelo contrário, estamos a desempatar”, disse.

Entre as propostas de alteração ao modelo sugeridas pelo grupo de trabalho, aceites pela tutela e já anunciadas na Declaração Anual, dos programas de apoio a abrir em 2019, estão o alargamento do prazo de candidaturas, “sem prejudicar o calendário dos concursos e a respetiva atribuição dos apoios” e a eliminação “da exigência de obtenção de pontuação mínima de 60% em cada um dos critérios de apreciação no Apoio Sustentado”.

Haverá ainda uma separação entre apoios à criação e apoios à programação.

No âmbito da criação “e outros domínios”, o programa de apoio sustentado vai distribuir-se pelas seis áreas (artes visuais, dança, música, teatro, cruzamento disciplinar e circo contemporâneo e artes de rua), enquanto na programação o concurso é comum a todas.

“São alterações que vão ter muito impacto na forma como as candidaturas vão ser apreciadas”, disse segunda-feira Graça Fonseca.