Foi revelado o primeiro dos túneis de Elon Musk, mais propriamente da sua empresa, a Boring Company. E o evento teve duas surpresas, com a primeira a ficar a dever-se ao facto de, praticamente dois anos depois ter anunciado que pretendia construir um túnel para evitar o trânsito em Los Angeles, o dito túnel foi apresentado. Se esta primeira surpresa foi positiva, a segunda foi-o menos, uma vez que em vez dos patins autónomos a deslocar os veículos dos utilizadores dos túneis, como tinha sido prometido inicialmente, o sistema vai exigir que os modelos possuam umas rodas de guia laterais para os manter como se fossem sobre carris. Para ter uma ideia, inicialmente, foi assim que o projecto foi apresentado:

O túnel em causa tem apenas 1,14 milhas de extensão, cerca de 1,8 km, e é conhecido como Hawthorn, um bairro de Los Angeles localizado entre a sede da SpaceX e o aeroporto. Assume-se meramente como um túnel de testes e demonstração, para que a Boring Company possa aprender com os erros, antes de se comprometer com uma obra de maior envergadura. E já começou a apreender pois, segundo Musk, a tecnologia de perfuração de túneis “é muito lenta e muito cara”, facilmente atingindo 1 milhão de dólares por milha e uma velocidade de somente, em alguns casos, uma milha por ano.

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Como nada disto é aceitável para Musk, a Boring Company começou a perfurar com a sua primeira máquina, a Godot, que depois substituiu pela Line-Storm, mais rápida, que irá trocar em breve pela Prufrock. Esta, com alterações no sistema de corte e na forma como aplica os reforços/revestimento interior do túnel, permitirá reduzir o tempo de perfuração para 1/3. De momento, Elon Musk queixa-se que as máquinas “apenas perfuram 10 minutos em cada hora de trabalho, pois o resto do tempo param para que se aplique os reforços, se elimine os detritos da escavação”. Mas a Boring Company admite que existe potencial para incrementar a velocidade de perfuração em 15 vezes, em vez de apenas três.

Para reduzir ainda mais os custos, sobretudo os relacionados com a eliminação dos detritos da escavação (terra e pedras, operação que pode atingir 15% do custo total da obra), Musk vai montar uma máquina de compactar esses detritos e produzir tijolos para construção, “extremamente robustos”, segundo ele, mas igualmente baratos, podendo ser comercializados a apenas 10 cêntimos a unidade. O CEO da Boring Company vai mesmo ao ponto de os oferecer para habitação social.

[Circular a 240 km por hora: a solução de Elon Musk para o trânsito. Veja o vídeo:]

No túnel só Tesla. Mesmo para passageiros

Originalmente, os túneis a construir deverão ser capazes de lidar com veículos e pessoas a pé, agindo assim como um concorrente do metropolitano. Neste caso, a Tesla vai ter uma frota de veículos autónomos, Model X por serem os mais espaçosos, e os clientes apenas têm de se sentar e seguir viagem, uma vez que o veículo baixa na plataforma até ao túnel, que depois percorre a 150 milhas por hora, ou seja, a 241 km/h. Veja aqui como funciona:

Os condutores que queiram recorrer aos túneis da Boring – empresa que entretanto já ganhou um contrato para a construção de um túnel para ligar o centro de Chicago ao aeroporto, que deverá estar pronto dentro de três anos – têm apenas de colocar o seu carro sobre o elevador que o desce até ao túnel. Mas o seu veículo, independente da marca, tem de estar equipado com as tais rodas/guia lateral, que Musk afirma poderem “custar entre 200 a 300 dólares (entre 175 e 263 euros), podendo ser instaladas de origem ou posteriormente “em qualquer oficina”.

À primeira vista, isto parece-nos muito optimista, sendo obviamente fácil para os carros da Tesla, mas dificilmente para os restantes. Tanto mais que a Boring exige ainda que os veículos tenham algum tipo de condução autónoma – na prática, para operar naquelas condições o sistema tem mesmo de ter uma programação específica, que não se “assuste” com as paredes do túnel –, que seja eléctrico e que atinja 241 km/h. Por outras palavras: um Tesla. O que em termos comerciais até é uma vantagem para o CEO da Boring, que é o mesmo do construtor americano de veículos eléctricos.

Não perca a apresentação completa de Elon Musk, publicada pela Market Reaction: