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Entre a Maia e Devender estão 2.123 km mas Bruno e Dost estão mais próximos do que nunca (a crónica do Sporting-Rio Ave)

Este artigo tem mais de 5 anos

Bruno Fernandes nasceu na Maia, Bas Dost em Devender, na Holanda. Entre uma e outra cidade contam-se 2.123 km de distância. Mas eles não podiam estar mais próximos. A crónica do Sporting-Rio Ave.

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Gerardo Santos

Gerardo Santos

Dezasseis dias. Passaram apenas 16 dias desde que Sporting e Rio Ave se encontraram pela última vez. Nessa altura, a 3 de dezembro, Marcel Keizer estreou-se no campeonato português com uma vitória, Bas Dost realizou o jogo 100 pelos leões e Fábio Coentrão largou todos os filtros para garantir que é “adepto do Sporting” e quer “que o Sporting ganhe”. Na deslocação a Vila do Conde, o clube de Alvalade ganhou por 1-3, carimbou a quarta vitória consecutiva e deixou patente uma capacidade de reação notável e que há muito não aparecia: começou a vencer, viu o Rio Ave empatar e soube restaurar a vantagem e fazer o terceiro golo, para não terminar o jogo a sofrer. Dezasseis dias depois, o Sporting vai na oitava vitória consecutiva e muitos já nem se recordam de que Keizer só chegou no início de novembro, há pouco mais de um mês.

À entrada para o jogo desta quarta-feira, a contar para os oitavos de final da Taça de Portugal, Marcel Keizer sabia que ia enfrentar aquilo que tem sido uma raridade nas últimas semanas: uma equipa que já conhecia. Na antevisão, o treinador holandês lembrou precisamente isso — e as dificuldades que o Sporting sentiu em Vila do Conde até Jovane marcar o terceiro golo. Ao contrário do que até seria expectável, o técnico leonino optou por não fazer muitas poupanças e apresentou, grosso modo, os habituais titulares.

Nani, lesionado, saiu da convocatória e abriu espaço à entrada de Jovane no onze, Bruno César perdeu a titularidade que tinha tido frente ao Nacional para Miguel Luís (o jovem médio já tinha entrado ao intervalo desse jogo, para substituir o brasileiro) e Acuña regressou à esquerda da defesa, depois de ter cumprido castigo contra os madeirenses. A grande novidade estava sentada no banco: Raphinha voltava ao lote de opções depois de mais de dois meses afastado dos relvados, devido a uma lesão no adutor da coxa esquerda. Do lado do Rio Ave, Fábio Coentrão regressava a Alvalade com a braçadeira de capitão dos vilacondenses no braço esquerdo e Gelson Dala, jovem cedido pelos leões ao clube orientado por José Gomes, integrava o onze.

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Ficha de jogo

Sporting-Rio Ave, 5-2

Oitavos de final da Taça de Portugal

Estádio de Alvalade, em Lisboa

Árbitro: João Pinheiro (AF Braga)

Sporting: Renan, Coates, Mathieu (André Pinto, 74′), Acuña, Bruno Gaspar (Ristovski, 80′), Bruno Fernandes, Gudelj (Petrovic, 54′), Miguel Luís, Jovane, Diaby, Bas Dost

Suplentes não utilizados: Salin, Jefferson, Bruno César, Raphinha

Treinador: Marcel Keizer

Rio Ave: Leo Jardim, Nadjack (Murilo, 80′), Nélson Monte, Buatu, Matheus Reis, Jambor (Gabrielzinho, 61′), João Schmidt, Fábio Coentrão, Diego Lopes (Carlos Vinícius, 45′), Galeno, Gelson Dala

Suplentes não utilizados: Paulo Vítor, Miguel Henriques, Tarantini, Afonso Figueiredo

Treinador: José Gomes

Golos: Diaby (3′ e 77′), Bas Dost (32′ e 60′), Bruno Fernandes (42′), Matheus Reis (45′), Carlos Vinícius (p, 83′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Galeno (9′), Bruno Gaspar (22′), Mathieu (34′), Coates (82′), Murilo (86′), Fábio Coentrão (90+3′)

Contra o Desp. Aves e Nacional, os últimos dois oponentes para competições internas, o Sporting tinha entrado na partida em falso e acabou por ter de se empenhar em duas remontadas que, apesar dos números expressivos, deixavam perceber alguma timidez no arranque leonino. Perante o Rio Ave, uma equipa com resultados competitivos no campeonato, Keizer sabia que era necessário entrar bem e não dar espaço a desvantagens precoces: recuperar um resultado contra os avenses e contra os madeirenses não é, diga-se, o mesmo que dar a volta a um jogo frente aos vilacondenses. E tal como se tem percebido pelas exibições recentes dos leões, os jogadores do Sporting ouvem o treinador holandês, memorizam as indicações e colocam-nas em prática: afinal, Keizer chegou a Lisboa a falar em “filosofia atacante” e “energia” e as palavras tornaram-se realidade assim que o holandês se sentou pela primeira vez no banco técnico da equipa. Se era preciso entrar bem, era bem que se ia entrar — e Diaby nem sequer deixou passar cinco minutos para mostrar que é bom aluno.

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Aos três minutos — depois de uma jogada de perigo de Fábio Coentrão logo nos segundos iniciais –, Jovane Cabral surgiu com imensa liberdade em terrenos interiores na esquerda do ataque, colocou em Acuña, que cavalgava pelo corredor em velocidade, e o argentino cruzou certeiro, rasteiro e em força para Diaby encostar ao segundo poste. Quando a parca assistência do Estádio de Alvalade ainda se instalava e apertava os casacos para enfrentar uma noite fria nas bancadas do estádio dos leões, o maliano já celebrava abraçado a Bas Dost. O golo madrugador adormeceu um jogo que nem sequer chegou a acordar: o Sporting desceu as linhas de imediato e espaçou os setores, controlando o resultado de forma calma e sem grandes transições, ainda que criasse perigo sempre que colocava um pouco mais de velocidade nas alas, sempre por intermédio de Diaby e Jovane. Do outro lado, Fábio Coentrão era o jogador mais móvel e surgia em funções defensivas como em tarefas atacantes, sempre em busca de desequilíbrios que permitissem a Galeno e Gelson Dala surgir na cara de Renan. Depois de meia-hora de um jogo aborrecido e com muita luta de meio-campo — onde Miguel Luís esteve irrepreensível e mostrou novamente que é o natural substituto de Wendel enquanto o brasileiro estiver lesionado –, Bas Dost aproveitou um ressalto depois de um cabeceamento ao poste de Coates para avolumar a vantagem.

A cerca de cinco minutos do intervalo, Bruno Fernandes ainda aproveitou uma bola algo perdida depois de um cruzamento de Acuña para dominar, pensar, medir a velocidade do vento e atirar de forma exímia sem hipótese para Leo Jardim. Antes ainda de João Pinheiro apitar para o descanso — e de forma algo inesperada — Matheus Reis tentou cruzar para o remate de Gelson Dala mas a bola desviou em Bruno Gaspar e traiu Renan. À ida para os balneários, o Sporting dominava sem asfixiar e o Rio Ave parecia determinado a aproveitar o golo em cima dos 45 minutos: adivinhava-se, portanto, uma boa segunda parte de futebol.

José Gomes tirou Diego Lopes e lançou Carlos Vinícius, um jogador mais dinâmico e possante, numa tentativa de ligar o meio-campo com o ataque e não obrigar Fábio Coentrão a ser omnipresente em todos os setores. E alteração ia dando frutos em menos de dez minutos, quando Vinícius surgiu completamente isolado em direção a Renan. Mathieu, sem velocidade para ser mais rápido do que o avançado e com receio de cometer grande penalidade, soube fazer aquilo que podia: estorvar. E tanto estorvou que Vinícius acabou por se atrapalhar com a bola nos pés e não chegou a rematar, permitindo o alívio definitivo de Bruno Gaspar, que veio a correr desde a lateral direita em auxílio ao central francês. De forma quase imediata, Keizer fez saltar do banco Petrovic, para substituir Gudelj, numa decisão que visava assegurar as linhas em frente à defesa para soltar Miguel Luís para o apoio direito a Bruno Fernandes na construção.

O quarto golo dos leões surgiu de uma boa jogada de entendimento entre Bruno Fernandes e Bas Dost, que acabou por aterrar em Jovane no corredor esquerdo: o jovem avançado cruzou com regra e esquadro para o coração da área e o holandês nem sequer precisou de tirar os pés do chão para se superiorizar aos centrais e marcar o quarto golo. O Rio Ave ainda reagiu, João Schmidt tentou repetir o grande golo que marcou há 16 dias e acertou na barra de livre direto mas o relvado estava tombado para o outro lado. Bruno Fernandes, em linhas de passe que só ele vê e transições que só ele inventa, encontrou Diaby isolado na cara de Leo Jardim e o maliano bisou na partida. Carlos Vinícius converteu uma grande penalidade cometida por Coates já nos últimos dez minutos da partida e o resultado ficou fechado em 5-2.

[Carregue nas imagens para ver alguns dos melhores momentos do Sporting-Rio Ave]

Mais um jogo de Marcel Keizer, mais uma goleada. Mais um jogo de Marcel Keizer, mais uma vitória. Mais um jogo de Marcel Keizer, mais cinco golos. O Sporting somou a oitava vitória consecutiva e carimbou a passagem aos quartos de final da Taça de Portugal, juntando-se assim aos já apurados Sp. Braga, FC Porto, Leixões, Feirense, Desp. Aves e V. Guimarães. Os leões estão eficazes como nunca (em nove remates enquadrados concretizaram cinco), marcaram dez golos em dois jogos e levam já 30 marcados desde que o holandês está no comando técnico da equipa. E embora toda a equipa esteja em uníssono, existe uma dupla que voltou a sorrir como já não se via desde maio deste ano: entre a Maia e Deventer, as cidades onde nasceram Bruno Fernandes e Bas Dost, contam-se 2.123 quilómetros; mas entre português e holandês a distância não existe e é o motor do Sporting de Keizer que deu a Alvalade um final feliz a um 2018 que parecia perdido.

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