Atualmente, grande parte dos textos sobre o Sporting e os jogos do clube de Alvalade começam com ténues variações de uma só ideia: “Sporting goleia”. Marcel Keizer tem levado ao extremo a “filosofia atacante” de que falou na apresentação e os leões levam sete vitórias em sete jogos com o holandês e 30 golos marcados: a conta perfaz já uma soma maior do que todos os golos que a equipa marcou com José Peseiro e dez deles foram apontados nos últimos dois jogos. Dizer que as coisas estão a correr bem a Keizer é, naturalmente, um eufemismo.

O futebol de ataque, de chuvas de golos e de goleadas consecutivas não é algo natural ou habitual em Portugal e o treinador já fez capas de jornais e é repetidamente questionado sobre o segredo que lhe está a permitir alcançar os resultados recentes. Depois de já ter dito que “não há segredos” — ressalvando que o segredo “são os jogadores do ataque” –, o técnico parece ter desvendado um pouco do mistério.

“Jogar simples é uma das coisas mais difíceis do futebol. Há coisas a melhorar, mas adoro ver a equipa jogar bem. Temos de ter cuidado, porque sofremos alguns contra-ataques na segunda parte. Tentamos jogar futebol para ganhar, mas também para os adeptos. Queremos pressionar alto, os jogadores adoram jogar e é isso que vemos. Gostam de ter a bola, há coisas boas, mas também há coisas más, que ainda podemos melhorar. Jogámos contra uma boa equipa”, disse Keizer esta quarta-feira, depois do jogo contra o Rio Ave que valeu mais uma goleada e o apuramento para os quartos da Taça de Portugal.

Miguel Luís é cada vez mais uma aposta do treinador holandês

E se as declarações do treinador não bastassem, Miguel Luís sublinhou a ideia veiculada pelo holandês e deixou depreender que “jogar simples” é mesmo a principal lição transmitida no balneário. “Estamos a jogar um futebol coletivo e simples e criamos mais oportunidades. Não há individualismo e os golos surgem naturalmente. O mister implementou as suas ideias e aprendemos o que queria e estamos a aplicar”, afirmou o médio de 19 anos, que parece já ter conquistado a confiança do treinador.

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Marcel Keizer garante que não existe qualquer segredo mas a verdade é que o Sporting do holandês e o Sporting de José Peseiro têm poucos ou nenhuns pontos de contacto. Sobre a campanha na Taça de Portugal e a possibilidade de chegar à final do Jamor, o treinador lembra que “ainda é muito cedo” e que “o próximo jogo é com o V. Guimarães”. Miguel Luís, mais sonhador, confirma que a prova rainha do futebol português é “o sonho de qualquer jogador” e acrescenta que “o Sporting quer estar no Jamor e conquistar a Taça”. Quer queira pensar já na final ou não, Keizer fica a saber que tem pelo menos a história a seu favor: o último treinador estrangeiro a levantar a Taça na tribuna do Estádio Nacional foi Co Adriaanse, um holandês.