“Ou Nadas ou Afundas”

A comédia da crise da meia-idade passa a ter mais uma boa representação, graças a esta fita melancólico-burlesca realizada pelo ator francês Gilles Lellouche. Sete homens na casa dos 40 e 50, cada qual com os seus feitios, dores e frustrações pessoais, profissionais, conjugais ou domésticas, inscrevem-se numa equipa de natação sincronizada masculina, e vão ser treinados por duas mulheres para representar a França nos mundiais na modalidade, na Suécia. Lellouche está solidário com o seu septeto de protagonistas e nunca os caricatura nem se mostra cruel para com eles, embora os esprema devidamente para efeitos cómicos. “Ou Nadas ou Afundas” é “inspirador” sem forçar qualquer nota, elogiando o espírito de equipa, o esforço coletivo e a capacidade de superação dos maus momentos e dos estados de alma negros. O elenco é todo ele óptimo na sua homogeneidade, destacando-se Mathieu Amalric no pai de família depressivo, Jean-Hughes Anglade no “rocker” velho e patético, Guillaume Canet no divorciado furioso com a vida, e Virgine Efira e Leila Bekhti nas duas ex-campeãs e treinadoras, esta última grande adepta dos métodos das tropas especiais. Um sólido exemplo do cinema francês comercial de qualidade.

“Bumblebee”

A saga de ficção científica “Transformers” tem aqui mais um filme, o sexto até à data, centrado no robô com o mesmo nome. Em termos cronológicos, a ação de “Bumblebee” decorre antes do primeiro filme desta série, realizado em 2007. O Autobot N-127 é enviado à Terra numa missão de prospeção, mas depois de ter sido atacado por um Decepticon que consegue destruir, fica com a memória danificada e transforma-se num Volkswagen Carocha para ficar camuflado, refugiando-se no terreno de um sucateiro. Charlie Watson, uma adolescente traumatizada pela morte do pai, recebe o carro de presente de aniversário, ignorando que se trata de um Transformer, e baptiza-o como Bumblebee, reactivando-o ao tentar repará-lo. Charlie e Bumblebee vão então ser perseguidos quer por uma agência secreta do governo dos EUA que se dedica a detectar actividade extraterrestre no nosso planeta, quer pelos implacáveis Decepticons. Produzido por Michael Bay e realizado por Travis Knight, “Bumblebee” tem interpretações de Hailee Steinfeld, John Cena e John Ortiz.

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“O Regresso de Mary Poppins”

Mais de 50 anos depois do filme original de Walt Disney, realizado por Robert Stevenson em 1964 com Julie Andrews no papel de Mary Poppins, eis a continuação, assinada por Rob Marshall, um homem formado no musical da Broadway, e agora com Emily Blunt interpretando a ama mágica. Vinte anos após os acontecimentos do primeiro filme, ela está de volta a Londres, para ajudar Michael e Jane Banks, já adultos, a não perderem a casa da família para o banco. E é ajudada por Jack (Lin-Manuel Miranda), o acendedor de candeeiros a gás “cockney” que faz agora as vezes do limpa-chaminés Bert do primeiro filme, então personificado por Dick Van Dyke. “O Regresso de Mary Poppins” combina imagem real e animação digital e clássica, e tem uma banda sonora composta por Marc Shaiman e Scott Whitman. Julie Andrews não quis aparecer no filme, nem sequer no pequeno papel especial que lhe estava destinado (e que foi preenchido por Angela Lansbury), passando gostosamente o testemunho e dando a sua bênção à sua sucessora, Emily Blunt. “O Regresso de Mary Poppins” foi escolhido como filme da semana pelo Observador, e pode ler a crítica aqui.