O Governo moçambicano está a rever o plano de desenvolvimento do consórcio liderado pelas multinacionais Eni e ExxonMobil para exploração de gás na bacia do Rovuma, a norte do país, informou o Instituto Nacional de Petróleos (INP).

“A empresa [o consórcio] apresentou um plano mais atualizado e de acordo com a lei, o Governo tem nove meses para avaliar o plano”, disse Carlos Zacarias, presidente do conselho de administração do INP, em entrevista ao canal televisivo STV.

A devolução do plano de exploração surge porque parte dos requisitos não estão “devidamente apresentados” no documento, explicou o responsável.

“O plano contempla recursos que devem ser unificados. É um recurso que se encontra em duas áreas”, acrescentou.

De acordo com os dados, o projeto Rovuma LNG das jazidas Mamba deverá produzir 15,2 milhões de toneladas por ano.

A bacia do Rovuma está localizada em alto mar, ao largo da costa da província de Cabo Delgado, norte de Moçambique, a cerca de 1.500 quilómetros da capital, Maputo, junto à fronteira com a Tanzânia.

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A ExxonMobil vai liderar a construção e operação das unidades de liquefação e infraestruturas associadas, em terra, enquanto a Eni irá liderar a construção e operação das infraestruturas ‘upstream’, ou seja, de extração do gás dos depósitos subterrâneos (jazidas), debaixo do fundo do mar, até à superfície, para depois ser conduzido até à fábrica.

A decisão final de investimento do projeto Rovuma LNG da Área 4 está marcada para 2019.

O projeto Rovuma LNG é operado pela Mozambique Rovuma Venture, uma ‘joint venture’ cujos acionistas são a ExxonMobil, Eni e CNODC – China National Oil and Gas Exploration and Development Corporation que, conjuntamente, detêm uma participação de 70% por cento na concessão da Área 4, cabendo três parcelas de 10% à coreana Kogas, Galp Energia e Empresa Nacional de Hidrocarbonetos (ENH) de Moçambique.

Este é o segundo projeto anunciado para exploração e liquefação de gás natural na Área 4.

O consórcio anunciou há um ano a decisão final de investimento para explorar a zona sul dos depósitos de gás Coral – descobertos dentro da mesma Área 4 – num projeto que consiste numa plataforma flutuante (que está a ser construída) capaz de captar, liquefazer e exportar o gás para cargueiros.

O projeto Coral Sul deverá começar a produzir a partir de 2022 ao ritmo de 3,4 milhões de toneladas por ano, enquanto o projeto Rovuma LNG com gás extraído da zona Mamba deverá arrancar em 2024 com capacidade para fornecer 4,5 vezes mais, em simultâneo.

Em paralelo, um outro consórcio vai explorar a Área 1 da bacia do Rovuma, liderado pela petrolífera norte-americana Anadarko.

O plano de desenvolvimento do consórcio da Área 1 foi aprovado pelo Governo moçambicano em fevereiro para a península de Afungi, distrito de Palma, na província de Cabo Delgado.

Junto à vila de Palma – já chamada de futura cidade do gás -, estão a avançar obras para instalação de uma fábrica de liquefação de gás e infraestruturas associadas com capacidade para exportar 12 milhões de toneladas por ano.

A decisão final de investimento do consórcio da Área 1 é também esperada para 2019.