O sal marinho tradicional é um dos produtos mais característicos de Castro Marim e é o principal material utilizado na construção de um presépio que está em exposição na Casa do Sal, na vila algarvia, durante as festividades natalícias.

O presépio de sal de Castro Marim tem 87 metros quadrados e aumentou este ano o número de peças para 3.8000, mais 600 do que no ano passado, podendo ser visto até 6 de janeiro na Casa do Sal, estrutura com função cultural e destinada a promover o sal como produto tradicional e característico da economia local.

Andrelino Pena, além de tesoureiro da Junta de Freguesia de Castro Marim (distrito de Faro), é o autor do presépio de sal e disse à agência Lusa que foi criado “em duas fases”: a construção da estrutura, em madeira, que está debaixo do sal e que contou com “sete ou oito pessoas”, e depois “a fase de formatar o presépio, a parte do sal”, na qual participaram três a quatro pessoas.

“[A montagem] demora cerca de um mês. Iniciámos no dia 3 de novembro e terminámos no dia 30 de novembro, para abrir no dia 1. De manhã, à tarde e à noite, muitos dos dias. Temos aqui praticamente 30 dias de trabalho, totalizando quase 2.000 horas entre todos. É muito tempo”, reconheceu.

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Foram utilizados “87 metros quadrados de área, oito toneladas de sal” e estão representados vários ofícios tradicionais, como a carpintaria, a olaria ou a tecelagem, entre outros, juntamente com as cenas da tradição natalícia cristã.

Andrelino Pena salientou ainda o trabalho “não visível”, referindo que estão “enterrados no sal 300 metros de cabos elétricos, com cento e tal pontos de luz”. Este ano espera ter mais visitantes do que os 22.000 alcançados no ano passado, o primeiro ano em que a instalação do presépio foi feita na Casa do Sal.

Vítor Esteves, presidente da Junta de Freguesia de Castro Marim, a principal promotora do projeto, explicou que o objetivo desta iniciativa foi aproveitar um projeto que já se realizava no concelho, associando-lhe um produto tradicional — o sal.

“Nunca tínhamos trabalhado com o sal para estes fins e acho que foi uma ideia bem conseguida e uma aventura que foi vencida, porque vemos que, de ano para ano, isto tem vindo a ganhar outra dimensão, quer a nível da estrutura, quer da divulgação da própria terra, que era o principal objetivo”, afirmou o presidente da Junta.

Segundo o autarca, os 4.000 euros gastos pela Junta no presépio são “metade do que poderiam ser”, porque o projeto conta com a colaboração de pessoas e empresas que oferecem trabalho e materiais, como o sal. O gasto que é feito, considera, “compensa”.

“No ano passado, as vendas de sal, durante o mês em que o presépio esteve em exposição, foram o dobro do que é normal num mês bom para a parte aqui do estabelecimento [Casa do Sal]”, exemplificou, numa referência aos diversos artigos e produtos de sal tradicional dos produtores locais que são vendidos nesse espaço.

Este dado permite aferir que há um “bom retorno” para a vila, onde a presença de visitantes também tem impacto no comércio e nas visitas aos monumentos locais, como o castelo de Castro Marim, argumentou.