Em 2011, depois de uma polémica passagem pela Serie B de Itália, Andrea Agnelli, presidente da Juventus, garantiu que o clube seria um dos mais fortes do mundo em menos de dez anos; em 2013, sem pensar muito nisso, assegurou que a Vecchia Signora poderia contratar jogadores como Cristiano Ronaldo cinco anos depois; em 2018, aquilo que parecia impossível aconteceu e o português assinou mesmo pelos transalpinos, numa transferência que ainda hoje há quem não compreenda. E se a presença do avançado nas notícias continua a ser inevitável, esta semana houve um interlocutor privilegiado a falar sobre ele. 

“O Cristiano disse-me que só queria jogar na Juventus. A partir daí, tudo começou. Durante vários meses estive em em contacto com a direção bianconera e todos sabemos como as negociações terminaram. Ao dia de hoje, o Cristiano está bem com o clube e com os companheiros de equipa, está satisfeito com o Campeonato italiano e muito feliz com a Juventus”, comentou Jorge Mendes à Rai Sport sobre um namoro que começou em janeiro. “Ganhar a Champions? Será preciso um pouco de sorte mas a chegada do Cristiano tornou seguramente a Juventus mais forte. Diria que todo o Campeonato italiano beneficiou”, acrescentou.

Todo o Campeonato pode ter beneficiado mas é claramente a Juventus que sai mais a ganhar. Como se percebeu, por exemplo, na renovação anunciada pelo clube com a Adidas, num valor mínimo de 408 milhões de euros entre 2019 e 2027 mais um bónus de 15 milhões para juntar ao vínculo anterior e com outro ponto importante: é a Vecchia Signora que explora o merchandising. Fazendo as contas, houve uma evolução média de 42 milhões para 51 milhões por temporada. Se dúvidas existissem sobre o peso de Ronaldo também fora de campo, basta acompanhar os últimos números da conta oficial da Juventus no Instagram: desde a chegada do português, houve uma evolução de 99,57%, passando dos dez milhões para os 20 milhões de seguidores.

Massimiliano Allegri está a pensar fazer descansar português no próximo jogo da Serie A (FILIPPO MONTEFORTE/AFP/Getty Images)

Depois de ter marcado de grande penalidade no dérbi frente ao Torino, naquele que foi também o golo 5.000 da Juventus na Serie A, o próximo desafio do português era a Roma. E o próprio recordou esta semana ao Express a goleada aplicada quando estava no Manchester United: 7-1 em Old Trafford, depois do 1-2 na capital italiana, com 6-0 aos 60 minutos (com bis de CR7 e de Carrick mais um golo de Alan Smith e outro de Rooney). “Quando já tínhamos essa vantagem, começaram a pedir-me para parar, um adversário pediu-me para parar de fintar. Outros ameaçaram que me iam lesionar”, destacou. Vingança à vista?

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Vontade não faltou. É certo que, na primeira parte, o grande protagonista das ações ofensivas da Juventus acabou por ser o lateral Alex Sandro – que renovou há dias –, com oportunidades flagrantes desperdiçadas aos 8′ (isolado na área numa insistência após canto) e aos 17′ (num remate forte de meia distância, descaído sobre a esquerda). A seguir ao brasileiro, foi a vez do português: a tentativa de pontapé de bicicleta passou por cima (22′) mas o tiro colocado após trabalho individual foi também travado pelo melhor elemento da Roma ao longo de todo o encontro: Robin Olsen. O sueco defendeu tudo o que havia para defender menos um cabeceamento de Mario Mandzukic ao segundo poste após cruzamento de De Sciglio, que fez o 1-0 aos 35′.

No segundo tempo, o filme repetiu-se. Ronaldo começou com um remate de longe muito por cima (51′), seguiu-se um bom lance de envolvimento com cabeceamento por cima (55′), depois obrigou Olsen a uma defesa de recurso após cruzamento de Dybala (59′), por fim, na sequência de um canto, nova intervenção de sueco (60′). O português já não sabia ao certo o que fazer mais, manifestando toda essa “revolta” pelo golo que não caía com um pontapé no poste da baliza da Roma. A Juventus acabou por vencer mesmo pela margem mínima – tendo ainda um golo anulado a Douglas Costa nos descontos após assistência do português – e prolongou o início histórico na Serie A com 16 vitórias e um empate em 17 jogos; já Ronaldo teve no guarda-redes sueco o seu Grinch, que o impediu de passar o Natal mais próximo do topo da lista dos melhores marcadores.