Nas últimas semanas, sempre que aparecia um texto sobre “os números do Benfica”, a conotação subordinada era negativa. A crise encarnada, que culminou com a goleada em Munique aos pés do Bayern, trouxe recordes de maus resultados, derrotas e níveis exibicionais fracos que deixaram Rui Vitória na porta de saída. Mas o treinador ficou. E prometeu um “período de retoma”.

À entrada para o jogo deste domingo, para além de saber que uma vitória valia a subida ao terceiro lugar, Rui Vitória tinha noção de que era preciso apresentar muito mais futebol do que aquele que o Benfica deixou em campo frente ao Montalegre e aos outros cinco adversários que conseguiu bater nas últimas três semanas. Afinal, desta vez, estava do outro lado o Sp. Braga: que estava acima dos encarnados na classificação, venceu o Sporting esta temporada e vem a protagonizar algumas das exibições mais conseguidas de todo o Campeonato.

O Benfica não fez a coisa por menos — goleou o Sp. Braga por 6-2, assinou a melhor exibição da temporada e ofereceu uma prenda de Natal antecipada aos adeptos (para além de que vai passar a Consoada no terceiro lugar). E Rui Vitória já não sorria tanto há muito tempo. “O que aconteceu foi uma excelente partida. Uma excelente exibição. Os nossos jogadores fizeram o que tinham de fazer para derrotar este excelente Braga. Dou-lhes os parabéns porque foi uma exibição de grande categoria. Soubemos os tempos em que tivemos de atacar. Hoje fomos mais fortes. Soubemos muito bem quando e como atacar ao mesmo tempo que soubemos como defender. Foi esse o nosso trunfo”, explicou o treinador encarnado na flash interview.

Vitória — a quem Jardel dedicou o golo que marcou, correndo para abraçar o treinador –, desvalorizou as lacunas defensivas dos encarnados, que ainda permitiram dois golos ao Sp. Braga. “Gostei de tudo. É evidente que não queríamos os dois golos mas quem marca seis golos e faz golos bonitos, claro que tenho de ser condescendente com os meus jogadores. Tivemos uma alma tremenda, uma alma benfiquista, jogaram de forma muito personalizada”, acrescentou o treinador, que explicou ainda que “é evidente que existe trabalho pela frente” mas agora é tempo de “saborear esta vitória e passar o Natal bem”.

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Rui Vitória reconheceu que este tinha sido um jogo diferente daqueles a que o Campeonato português está habituado — na linha de Abel, que garantiu que este foi um “jogo atípico” — mas Pizzi, considerado o melhor jogador em campo, defendeu que esta foi uma “vitória justíssima dos encarnados”. “Fui uma vitória muito importante. Dominámos desde o primeiro minuto. Jogámos contra uma equipa de enorme qualidade. Foi uma vitória justíssima da nossa parte. Viemos de uma remontada, estamos a fazer as coisas muito bem. Queríamos demonstrar aos nossos adeptos que temos uma equipa de grande qualidade, com grandes jogadores. Demos uma grande prenda de Natal aos nossos adeptos”, explicou o médio português, que este domingo marcou o primeiro golo da goleada encarnada.

Ainda que seja necessário sublinhar que este foi apenas um jogo e que o Benfica está ainda em terceiro lugar, atrás de Sporting e FC Porto, também é preciso recordar que os encarnados levam já sete vitórias consecutivas e golearam um dos candidatos ao título. E, pela primeira vezes em algumas semanas, os números tem subordinada uma conotação positiva: há 34 anos que o Benfica não marcava seis golos ao Sp. Braga; este é já o mês de 2018/19 em que o Benfica marca mais golos (16 golos e ainda falta um jogo); foi a terceira goleada da temporada, igualando FC Porto e Sporting; e o Benfica tem já o melhor ataque do Campeonato.