De certeza que já reparou na campanha de sensibilização para a reciclagem que se espalhou um pouco por todo o país nas últimas semanas. É a maior campanha do género alguma vez feita em Portugal e está a ser promovida pela Sociedade Ponto Verde. A mensagem não podia ser mais clara: “Transforme ideais em gestos reais”, ou seja, passe à ação – porque o resto já sabemos: a reciclagem protege o ambiente e as próximas gerações. É uma tarefa que nos convoca a todos e provavelmente o Natal é o melhor momento para iniciarmos a mudança. O espírito da quadra ajuda e é maior a quantidade de resíduos que produzimos nas nossas casas.

A separação e a reciclagem de resíduos são atitudes de responsabilidade para com o ambiente e de cada pessoa para consigo mesma. Os embrulhos de presentes ou as embalagens de alimentos, normalmente mais numerosos na época natalícia, devem ser separados e depositados no ecoponto mais próximo. Como? Devidamente separados de acordo com o código de cores da reciclagem: verde para o vidro, amarelo para plástico,metal e pacotes de bebidas, azul para papel e cartão.

A adesão dos portugueses à reciclagem tem sido muito positiva e é cada vez mais eficaz. Até ao início da década de 1990, o lixo urbano era recolhido e acabava quase sempre em lixeiras. A recolha seletiva baseava-se em modelos considerados voluntaristas, por iniciativa de autarquias ou associações ambientais. Hoje parece difícil de imaginar, mas era mesmo assim: naquela altura não existiam ecopontos em Portugal.

Finalmente, em 1996, surgiu a Sociedade Ponto Verde, uma entidade privada, sem fins lucrativos, que veio promover a recolha seletiva, a retoma e a reciclagem de embalagens, assim contribuindo para melhorar o ambiente. Os números mostram bem a evolução. Em 2003, apenas 38% dos portugueses faziam separação de resíduos. Em 2007, a percentagem disparou para 60%. Em 2015 eram já 71%. Nos últimos 20 anos, Portugal reciclou 7,5 milhões de toneladas de resíduos de embalagens, o que equivale ao peso de três pontes Vasco da Gama.

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Os dados do organismo europeu de estatística, Eurostat, permitem perceber que Portugal tem estado na linha da frente da reciclagem, vários pontos percentuais acima da média europeia.

Mas, atenção: as metas de reciclagem de embalagens mais exigentes. O objetivo para 2025 estabelecido pela Comissão Europeia, determina que cada país da União recicle pelo menos 65% dos seus resíduos de embalagens, o que significa que precisamos de continuar este percurso. Desde logo, temos de perceber bem o que está em causa e desfazer alguns mitos.

Mitos que temos que desmistificar

Mito 1: Há poucos ecopontos na minha rua.

Portugal tem hoje uma rede com mais de 45 mil ecopontos, ou seja, um ecoponto por cada 250 portugueses. Use os ecopontos que estão perto de sua casa ou do local de trabalho.

Mito 2: Nunca sei o que fazer às embalagens antes de as colocar no ecoponto.

Mas damos uma ajuda. Em primeiro lugar, preste atenção ao código de cores. Nunca é demais repetir – verde para vidro, amarelo para plástico,metal e pacotes de bebidas, azul para papel e cartão. Em segundo lugar, fixe alguns princípios relativos ao ecoponto amarelo. Se usou uma garrafa de plástico de sumo, escorra-a e espalme-a antes de a levar para o ecoponto amarelo. Não precisa de lavar as embalagens ou de lhes retirar os rótulos. Se usou um pacote de sumo ou leite, coloque-o no ecoponto amarelo. Uma garrafa vazia de óleo alimentar deve ser igualmente transportada para o ecoponto amarelo.

Mito 3: Os ecopontos substituem o caixote do lixo.

Só para as embalagens!. Não servem para depositar tudo aquilo que vamos deitar fora. No ecoponto verde não devemos colocar chávenas de café ou de chá feitas em cerâmica. No ecoponto amarelo não devemos colocar tachos e panelas usados. O ecoponto amarelo serve também para depositamos esferovite, latas de conserva e pacotes de bebidas.
Tome nota: uma lata de atum pode ser reciclada infinitamente e para produzir novas latas de alumínio a partir de latas recicladas o gasto de energia é 95% inferior ao da produção de latas novas.

Mito 4: Não vale a pena reciclar vidro.

A reciclagem de embalagens de vidro possibilita a criação de novas garrafas. Para ter uma ideia, a reciclagem de uma tonelada de vidro permite produzir exatamente a mesma quantidade de vidro. Garrafas, frascos e boiões – sempre no ecoponto verde. Curiosidade: a energia poupada pela reciclagem de uma só garrafa de vidro é suficiente para manter acesa durante quatro horas uma lâmpada de 100 watts.

Mito 5: A reciclagem de papel não traz grandes benefícios ao ambiente.

A reciclagem é sempre uma forma de respeitarmos o ambiente. Quando colocamos embalagens nos ecopontos, elas vão para reciclar e dão origem a nova matéria-prima, o que poupa energia, recursos ao planeta e espaço em aterro. No caso do papel, as embalagens recicladas dão origem a papel de escrita, jornais, papel higiénico, papel de embrulho ou caixas. Curiosidade: calcula-se que durante a vida, uma pessoa possa reciclar papel suficiente para produzir 85 mil caixas de ovos.

A participação na reciclagem das embalagens é, além de um compromisso individual com as nossas convicções, um ato de cidadania. Ao garantirmos que participamos ativamente neste processo, estamos a dar o melhor de nós para o bem comum.

Os portugueses têm aderido à reciclagem de forma ímpar, é importante agora que se recicle mais e melhor. Todas as embalagens, qualquer que seja o seu contexto de consumo, devem ser separadas. No escritório, na escola, numa festa, na ceia de natal… é importante que não se perca o hábito de reciclagem. Quem sabe a garrafa de celebração deste reviellon não é garrafa da meia noite do próximo ano?