Numa entrevista à Automotive News Europe, Adrian Hallmark, que está ao leme da Bentley desde Fevereiro de 2018, surpreendeu não só os entrevistadores como os leitores, quando afirmou que muitos dos seus clientes tradicionais colocam de lado a Bentley para adquirir modelos da Porsche e Tesla. E se isto foi um choque para muitos, deverá ter sido ainda mais para o CEO da Porsche, Oliver Blume, que num instante admite que a Tesla lhe está a roubar vendas, para no instante seguinte não considerar a marca americana como benchmark nos veículos eléctricos.

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Hallmark começa por se congratular pelo facto de a Bentley continuar a crescer, tendo passado de um construtor que produzia 1.000 veículos por ano, para ascender à fasquia dos 10.000. Isto e ter registado lucros em 13 dos últimos 15 anos.

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Mas se essas são as boas notícias, também há novidades menos boas para os lados deste fabricante britânico que integra o Grupo Volkswagen, uma vez que “40% dos condutores com grande poder de compra estão a considerar adquirir um veículo eléctrico”, confessa o CEO da Bentley.

Hallmark revela um pormenor curioso, ao chamar a atenção para o facto de, “há 15 anos, existirem 6 milhões de pessoas com mais de 1 milhão de dólares em acções ou em qualquer outro tipo de investimento” e que hoje esse número “subiu para 16 milhões, estimando-se que ascenda a 20 milhões em 2025”. Quer isto dizer que o mercado de veículos de luxo está bem e recomenda-se, mas estará a ser reforçado com clientes mais jovens, que querem modelos mais dinâmicos – o que a Bentley está a satisfazer com o novo Continental GT –, mas igualmente com maiores preocupações ambientais. E daí a paixão pelos veículos eléctricos. De recordar que a Bentley tem em carteira o protótipo EXP 12 Speed 6e Concept, pronto para avançar assim que a administração lhe der luz verde, recorrendo à mesma plataforma que serve o Audi e-tron GT e o Porsche Taycan.

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Igualmente elucidativa é a resposta de Hallmark, quando o questionam se os híbridos plug-in (PHEV) podem ser a resposta, a que o CEO responde de forma seca: “Não. É uma tecnologia de transição.” Isto apesar de o Bentayga PHEV ter já prevista uma versão com maior bateria para cumprir um mínimo de 50 km em modo eléctrico, pois também a Bentley tem de respeitar os limites de CO2 com o novo WLTP.

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Mas a vontade de satisfazer os clientes que revelam uma apetência por veículos eléctricos deverá levar a Bentley a apressar o seu modelo exclusivamente alimentado por bateria. Hallmark acredita que, para respeitar os valores da Bentley, é necessário esperar pela tecnologia que não deverá estar disponível antes de 2023 a 2025, numa referência clara às baterias sólidas, que elevarão a densidade energética consideravelmente, face às actuais de iões de lítio, permitindo alimentar motores mais potentes, percorrer mais quilómetros e serem recarregadas mais depressa.