Antes de todos os encontros da Serie A, é normal haver alguma concentração de repórteres fotográficos junto dos bancos, seja a meio caminho da viagem para trás de uma das balizas, seja na esperança de haver imagem da equipa perfilada ainda antes do apito inicial. Esta tarde, em Bergamo, não havia muitas dúvidas sobre o alvo de todas as objetivas: Cristiano Ronaldo, que iria começar pela primeira vez na Juventus um encontro fora do onze. Logo ele, que se dá tão bem com o Boxing Day.

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“Amanhã [Hoje] vai estar no banco, pela primeira vez vamos ver o jogo juntos. Estou muito feliz com ele, tem tido um rendimento fantástico, com números excelentes, mas vamos precisar dele nos jogos decisivos da Champions. Pode decidir, ainda mais ele, como tem mostrado nos últimos anos. Não estamos habituados a jogar no Natal mas a preparação foi a mais normal possível”, comentara na véspera do jogo com a Atalanta Massimiliano Allegri, confirmando uma ideia que já tinha deixado há algumas semanas, quando admitiu poupar o avançado português neste período de maior densidade competitiva. No entanto, a gestão correu tudo menos bem e Ronaldo teve mesmo lançado na partida a 25 minutos do final.

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Allegri quis poupar Ronaldo mas teve de recorrer ao português para evitar primeira derrota na Serie A (MARCO BERTORELLO/AFP/Getty Images)

Pelos seis anos que passou em Inglaterra, CR7 está habituado a jogar no Boxing Day. Aliás, até parece talhado para jogar no Boxing Day: em seis temporadas, fez cinco encontros, ganhou sempre, marcou três golos (dois ao Wigan em 2006, um frente ao Sunderland em 2007) e fez uma assistência. Quase uma década depois, voltou a entrar em campo a 26 de dezembro e, mesmo saindo do banco, demorou apenas 13 minutos para deixar marca, salvando a Juventus de uma derrota que parecia inevitável com a Atalanta e quando já estava reduzida a dez unidades, com um golo aos 78′ que estabeleceu o 2-2 final.

A Juventus iniciou a partida praticamente a ganhar, beneficiando de um autogolo do albanês Berat Djimsiti quando só estavam decorridos dois minutos de jogo. Melhor arranque era impossível mas, mais uma vez, a Vecchia Signora entrou naquele ritmo menos pragmático, de quem sabe que vai sempre ser melhor qualquer que seja a velocidade imposta, e acabou por dar-se mal: após algumas ameaças de Dybala e Betancur, Duván Zapata teve um excelente trabalho a rodar sobre Bonucci na área, ganhou espaço para o pé esquerdo e rematou cruzado sem hipóteses para Szczesny, empatando aos 24′.

Se as coisas não tinham corrido bem ao longo de 45 minutos para a Juve, pior ficaram em menos de cinco, ainda dentro do quarto de hora inicial do segundo tempo: após uma entrada imprudente à entrada da área contrária, Betancur viu o segundo amarelo e foi expulso (53′); na sequência de um canto no lado esquerdo do ataque a atravessar toda a área perante a total passividade dos defensores bianconeri, Zapata foi mais lesto na pequena área e colocou a Atalanta na frente (56′). Na primeira opção, para equilibrar a equipa, Allegri abdicou de Douglas Costa e lançou Pjanic (57′); pouco depois, lançou o capitão da Seleção para o lugar de Khedira (65′), assumindo um meio-campo mais posicional com Dybala mais à frente a servir CR7 e Mandzukic. E o empate demorou apenas 13 minutos a chegar, com um desvio na pequena área após canto (78′). Nos descontos, Bonucci ainda marcou mas o golo foi anulado e a Juventus teve mesmo o segundo empate na Serie A… em 19 jogos.

Em paralelo, Cristiano Ronaldo acrescentou mais um recorde desde que chegou a Itália: tornou-se o primeiro a marcar em sete jogos consecutivos fora na época de estreia na Serie A. Com mais um jogo a decidir, o português leva agora 13 golos e sete assistências em 23 jogos pela Juventus entre Campeonato e Liga dos Campeões.