O jogo, por si só, deu que falar. E não pelos lances, pelos golos nem pelos jogadores. O Inter-Nápoles desta quarta-feira decorreu sob cânticos racistas direcionados a Kalidou Koulibaly, central napolitano que acabaria por ser expulso na reta final do encontro – o speaker de San Siro fez três avisos inconsequentes aos adeptos do Inter, Koulibaly garantiu no final do jogo que tem “orgulho na cor da pele”, o treinador Carlo Ancelotti revelou que os napolitanos pediram a suspensão do jogo por três vezes e ameaçou com falta de comparência caso a situação se repita e também Cristiano Ronaldo, melhor marcador da Juventus, saiu em defesa do jogador insultado, pedindo “educação e respeito” para acabar de vez com o racismo ou qualquer discriminação.

“No Mundo e no futebol desejo sempre educação e respeito”. Ronaldo sai em defesa de Koulibaly

Mas o jogo entre Inter e Nápoles estava vaticinado para ser falado em larga escala antes ainda do apito inicial: em confrontos que antecederam a entrada no estádio, um adepto nerazzurri acabou por morrer, enquanto que outros quatro napolitanos foram esfaqueados. O homem de 35 anos ainda foi transportado para o hospital após ter sido atropelado por uma carrinha mas acabou por morrer; um dos adeptos no Nápoles precisou de assistência médica devido à profundidade dos golpes no abdómen. Dois membros da claque do Inter Milão acabaram por ser detidos à entrada de San Siro, por estarem relacionados com os ferimentos dos apoiantes adversários.

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Entretanto, já esta quinta-feira e em reação à onda de solidariedade para com Koulibaly que o futebol transalpino (e internacional) despoletou, a Federação Italiana de Futebol decidiu punir o Inter com dois jogos em casa à porta fechada (Sassuolo e Bolonha) e ainda um terceiro sem adeptos no segundo anel do estádio (Sampdória). O castigo, contudo, está apenas relacionado com os cânticos e insultos racistas ouvidos durante o jogo e nada tem que ver com a morte do adepto nerazzurri – já que as consequências desse caso poderão ser muito mais avultadas.

Em declarações ao jornal italiano Il Messaggero, o presidente da Federação Italiana de Futebol não colocou de parte a possibilidade de suspender a presente edição da Serie A. “Não sei, as notícias ainda são muito recentes. A reflexão terá de ser feita. Temos de refletir durante um segundo e coordenar-nos: é um problema de ordem pública e é assim que terá de ser encarado, é assim que a decisão de jogar ou não terá de ser encarada. Estou preocupado com este ambiente surreal. Não sou psicólogo mas alguns jogadores estavam super nervosos, era evidente em San Siro. Agora tenho de refletir, porque o que aconteceu lá fora é demasiado sério”, afirmou Gabriele Gravina.

Entretanto, também o capitão do Inter reagiu aos insultos racistas a Koulibaly. O argentino Mauro Icardi recorreu à sua conta oficial do Twitter para declarar que estava “envergonhado com o que aconteceu em San Siro”, reação idêntica àquela defendida já esta quinta-feira pelo autarca da cidade de Milão.