Durante dez anos consecutivos, Lionel Messi e Cristiano Ronaldo dominaram o futebol espanhol e o futebol mundial, ganhando à vez o prémio Bola de Ouro. Entre 2008 e 2017 (inclusive), a eleição de melhor do mundo pela revista France Football coroou sempre um dos dois como melhor futebolista do futebol europeu e só mesmo num ano, em 2010, o argentino e o português não ocuparam as duas posições cimeiras do prémio (Ronaldo ficou fora do pódio). 2018 foi um ano de mudança: Cristiano Ronaldo mudou-se do Real Madrid para a Juventus e a Bola de Ouro foi atribuída ao croata Luka Modric. Em entrevista ao jornal Marca, o avançado argentino do Barcelona comentou a rivalidade que manteve com Cristiano Ronaldo até à saída deste do Real Madrid:

A rivalidade com o Cristiano foi muito saudável e foi boa para os espectadores. Foi um grandíssimo jogador para esta liga e para o Real Madrid. O Real Madrid é um clube enorme e tem jogadores de sobra mas o Cristiano faria falta a qualquer equipa de que saísse, porque é um jogador que faz muitos golos espetaculares e que não te dá só isso, dá-te muitas coisas no terreno de jogo. Mas o Real Madrid continua a ter jogadores fantásticos no seu plantel”, apontou o argentino.

Em setembro, Lionel Messi já tinha afirmado que a ida de Cristiano Ronaldo para a Juventus tornava o clube italiano “um claro favorito a ganhar a Liga dos Campeões. Nunca imaginei que ele saísse do Real Madrid e muito menos que fosse para a Juventus”.

Na entrevista à Marca, Lionel Messi falou ainda do seu antigo treinador Pep Guardiola — que marcou uma era no Barcelona –, sobre os seus companheiros Ousmane Dembelé (“pode ser um dos melhores do mundo”, mas “depende dele”) e Neymar (“acho difícil que saia do PSG” mas “adorávamos que voltasse”), sobre o futebolista Andrés Iniesta (com quem partilhou balneário), sobre o seu tempo na formação do Barcelona — ou “La Masia”, como é conhecida a Academia de futebol formação do clube — e sobre as suas prioridades de vida.

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“Adoro futebol, mas a minha família está acima de tudo”, apontou o jogador argentino, dizendo ainda que soube que “não estaria na luta” pela Bola de Ouro este ano quando “ouvi [ouviu] os nomeados. “Sabia que esta época não tinha hipóteses de a ganhar. Ouvia os nomes e sabia que não ia estar ali. A partir daquele momento não me pus a pensar se seria terceiro ou quarto classificado. A votação não me surpreendeu porque não esperava nada”, disse ainda.

Guardiola, Valverde, “La Masia”, Iniesta e… o VAR

O Barcelona segue na primeira posição do campeonato espanhol (que o conjunto catalão já venceu no ano passado), mas Messi também tem a Liga dos Campeões na mira: “A Champions é sempre especial pelo que significa. Gostávamos de a ganhar outra vez”, referiu. O argentino afirmou ainda a vontade de voltar a trabalhar com o treinador Pep Guardiola, com quem em quatro épocas ganhou 14 títulos: três campeonatos espanhóis, duas Taças do Rei, três Supertaças espanholas, duas Ligas dos Campeões, duas Supertaças Europeias e dois Mundiais de clubes: “Ainda que seja difícil, gostaria de voltar a trabalhar com ele. É um dos melhores treinadores do mundo. Por isso gostaria, ainda que diga desde já que me parece complicado acontecer”.

Juntos, Messi e Guardiola venceram 14 títulos em quatro anos, entre eles três campeonatos espanhóis e duas Ligas dos Campeões

Neste momento, Messi é treinado no Barcelona por Ernesto Valverde, tendo comentado na entrevista as opções tácticas do treinador para a equipa: “Voltámos ao 4-3-3. Com o 4-4-2 deixávamos poucos espaços e era mais difícil marcarem-nos. Porém, nós sentimo-nos confortáveis com a bola. É o que fizemos sempre [tê-la]. Nos últimos jogos melhorámos defensivamente”.

É importante voltar a apostar nos rapazes da formação, para que eles vejam que não é possível subir de escalão. Temos uma grande formação e no futuro poderá acontecer jogarmos com onze jogadores formados em casa, mas levará tempo”, apontou.

Sobre Iniesta, Messi disse: “Sentimos a falta dele, obviamente, tanto dentro como fora de campo. Foram muitos anos a partilhar muitas coisas com o Andrés. Estranhamos”. O avançado argentino comentou ainda a introdução do sistema de videoárbitro no futebol: “No início era contra, não via com bons olhos. Mas agora creio que é algo muito bom para LaLiga. Teve uma aceitação espetacular pelos fãs e pelos jogadores. Adaptaram-se todos muito rápido, vejo-o como algo muito bom”.