O jogo da manhã deste sábado entre a Juventus e a Sampdoria tinha um especial foco de interessa: e claro que estava relacionado com Cristiano Ronaldo. O avançado português precisava de marcar pelo menos três golos para chegar aos 50 golos marcados no ano civil de 2018, registo que tem vindo a igualar ou a superar desde 2011. Além disso, esta é também a primeira vez na história que todos os jogos de uma jornada da Serie A acontecem a 29 de dezembro.

Pela frente, porém, Cristiano Ronaldo tinha uma das equipas sensação do Campeonato italiano. A Sampdoria, atualmente no quinto lugar da classificação, foi a equipa italiana que mais golos marcou durante o mês de dezembro e o veterano capitão Fabio Quagliarella — que jogou na Juventus entre 2010 e 2014 — levava oito jornadas consecutivas a marcar na Serie A (algo que só o francês Trezeguet e o brasileiro Paulo Barreto tinham conseguido no século XXI). Massimiliano Allegri fazia descansar Bonucci no eixo da defesa e não tinha João Cancelo, que foi operado ao joelho, nem o habitual guarda-redes titular Szczesny, que terá sentido dificuldades musculares durante o aquecimento (entrou Mattia Perín para o onze). Ronaldo regressava à titularidade depois de ter começado o último jogo, frente à Atalanta, no banco: entrando já na segunda parte para fazer o golo do empate e evitar a primeira derrota da Juventus.

O avançado português entrou em jogo, como sempre, com a noção clara de qual era o objetivo para a manhã deste sábado: marcar três golos. E começou a construir a missão quase impossível logo aos dois minutos, quando recebeu a bola na esquerda, perto do vértice da grande área da Sampdoria, fletiu para dentro e atirou de pé direito e na diagonal para bater Audero e colocar a Juventus em vantagem. Melhor, Allegri não podia pedir — o treinador italiano tinha dito na antevisão da partida que era necessário “desbloquear cedo” para não correr o risco de ter “um dia longo”.

O golo madrugador de Cristiano Ronaldo trouxe uma tranquilidade que permitiu à Juventus controlar o jogo durante os primeiros 25 minutos e gerir uma vantagem valiosa contra uma equipa perigosa, bem organizada e sempre sob a batuta de Quagliarella. A partir da meia-hora, a Sampdoria conseguiu soltar-se da pressão alta da vecchia signora e escapar à rápida recuperação de bola do conjunto orientado por Massimiliano Allegri. Aos 33 minutos, o árbitro da partida considerou que Emre Can tocou a bola com o braço dentro da grande área (numa decisão que deixa muitas dúvidas), consultou o VAR e assinalou grande penalidade. Na conversão, Quagliarella não falhou e marcou pela nona jornada consecutiva (algo que só Trezeguet tinha alcançado, em 2005). A mais de dez minutos do intervalo, a equipa de Génova estava por cima do jogo, tinha acabado de empatar e parecia agora estar a surpreender uma adormecida Juventus que foi surpreendida e não soube como reagir ao facto de já não estar em vantagem.

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Na ida para o intervalo, a Juventus agradecia o descanso e a Sampdoria também precisava de uma descida para o balneário para delinear a estratégia para o segundo tempo. A reta final da primeira parte foi atabalhoada, sem posse de bola de nenhuma das equipas e com o jogo algo partido e à mercê de surpresas de um ou de outro lado. A falta de qualidade na entrada da bola no último terço do terreno, porém, deixou as ocasiões de golo longe das balizas e só permitiu um lance perigoso, no qual Cristiano Ronaldo tentou descobrir Dybala ao segundo poste a partir do lado esquerdo, mas o argentino chegou atrasado para o toque final.

No início da segunda parte, a Juventus deixou perceber que está a passar pelo mesmo período que atualmente atravessam todas as grandes equipas europeias. O acumular de jogos nesta reta final de ano, por estarem a competir em todas as frentes, traz desgaste, cansaço e fadiga e limita a competitividade. Ainda assim — e tendo em conta que na primeira parte teve uma percentagem bem maior de posse de bola e a Sampdoria só fez um remate enquadrado, o penálti que deu golo –, os bianconeros foram o conjunto que regressou do balneário com mais querer e mais vontade de ganhar a partida e evitar o segundo empate consecutivo.

A partir dos 50 minutos, o jogo ficou totalmente tombado para o meio-campo defensivo da Sampdoria e adivinhava-se o golo da Juventus depois de Matuidi ver Audero negar-lhe o golo, Ronaldo acertar com estrondo na barra e Mandzukic falhar a emenda decisiva por centímetros. Aos 63 minutos, um pouco à imagem do que tinha acontecido na primeira parte, o árbitro italiano viu Ferrari tocar a bola com a mão dentro da grande área, confirmou com o VAR e assinalou grande penalidade. O número 7 da Juventus, invariavelmente, converteu, bisou, ficou a um golo dos pretendidos 50, marcou o 14.º na Serie A, superando Piatek e subindo ao topo da lista dos melhores marcadores, e ainda apontou o golo 100 da Juventus em todas as competições no ano civil de 2018.

O avançado português procurou o hat-trick até ao final do jogo — e poderia tê-lo conseguido em várias ocasiões, principalmente de cabeça — mas não conseguiu carimbar o golo 50 da temporada: a Sampdoria ainda empatou, já durante os minutos de tempo extra, mas o golo de Riccardo Saponara foi anulado por posição de fora de jogo. Pela primeira vez desde 2011, Cristiano Ronaldo marcou menos do que 50 golos durante um ano civil e ficou pelos…49. Ainda assim, apontou os dois golos da Juventus frente à Sampdoria e foi o grande responsável pelo regresso às vitórias dos bianconeros.