A administração das empresas Rodoviária do Tejo, Rodoviária do Oeste e Rodoviária do Lis afirma que a adesão no primeiro de dois dias da greve convocada pelo Sindicato dos Trabalhadores de Transportes Rodoviários é de 34,6%.
Em comunicado enviado à Lusa, a administração das empresas que operam nos distritos de Santarém e de Leiria afirma que estão em curso negociações entre a associação que representa os transportadores rodoviários de pesados de passageiros (ANTROP) e as estruturas sindicais, “visando chegar a acordo, entre outros aspetos, sobre a atualização salarial a aplicar no mês de março, conforme estipulado no Contrato Coletivo em vigor”.
A administração afirma que a ANTROP apresentou uma proposta numa reunião realizada no passado dia 26 de dezembro e que está agendada uma nova reunião negocial para o próximo dia 25, “tempo necessário para a consulta aos trabalhadores por parte das estruturas sindicais”.
A empresa afirma que garante aos trabalhadores que não pretendam aderir ao Contrato Coletivo “uma atualização salarial a efetivar-se no momento habitual (julho), com aplicação de uma taxa de aumento superior à inflação e superior à atualização tarifária aplicada no setor dos transportes públicos rodoviários de passageiros”.
Os trabalhadores já tinham realizado uma greve de dois dias no final de novembro, pelos mesmos motivos. As três transportadoras pertencem ao grupo Barraqueiro e à Transdev (que este ano detém a presidência), numa proporção de 49% de participação cada uma, com os outros 2% a pertencerem à empresa-mãe, a Rodoviária do Tejo.
Sindicatos indicam que a greve ronda os 90% de adesão
A greve dos trabalhadores das rodoviárias do Oeste, Lis e Tejo (distritos de Leiria e Santarém) rondou esta quinta-feira os 90% de adesão, disse fonte sindical durante uma concentração que reuniu, em Lisboa, pouco mais de uma centena destes trabalhadores.
A greve “continua a rondar os 90% de adesão, com grande predominância dos trabalhadores motoristas”, afirmou à Lusa Manuel Castelão, do Sindicato dos Trabalhadores dos Transportes Rodoviários e Urbanos de Portugal (STRUP).
Os trabalhadores das rodoviárias do Oeste, Lis e Tejo iniciaram esta quinta-feira uma greve de dois dias, até às 3h de sábado, para exigir o aumento do salário e a unificação das regras de trabalho nas empresas do Grupo Barraqueiro. Esta quinta-feira, pouco mais de uma centena destes trabalhadores, com origem em Santarém, deslocaram-se à sede do Grupo Barraqueiro, no Campo Grande, em Lisboa, para protestar.
Apresentámos, em tempo oportuno, uma proposta de aumento de salários à empresa, tendo em conta os valores que são praticados por esta, a empresa entendeu que não deveria negociar connosco, tem vindo a arrastar este processo, tem vindo a canalizar para a associação patronal a resolução deste problema sem apresentar propostas e os trabalhadores entendem que não podem parar. Estamos a falar de salários que rondam os 609 euros de um salário base de motorista e isto é inqualificável”, disse o sindicalista.
Manuel Castelão salientou que um motorista gasta entre 3.000 e 4.000 euros para obter licenças e ter os requisitos para trabalhar, trabalham “12 horas para ganharem oito e alguns têm um subsídio de refeição que ronda os 2,55 euros”.
Presente na concentração, o secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos, frisou que esta situação se mantém devido “à intransigência da empresa”. “É uma situação insustentável. Estamos a falar de profissionais do volante que têm não só de zelar pela sua própria segurança como, acima de tudo, assegurar a segurança das pessoas que transportam. Uma profissão desta natureza, com a desregulação dos horários que lhe está associada, justifica e exige um outro tipo de retribuição que estes trabalhadores não têm”, defendeu o dirigente da CGTP.