Ao final da tarde, a página de Twitter do site desportivo Bleacher Report lançou o grande jogo desta quinta-feira de uma forma cómica mas muito fiel à realidade: aproveitando o cartaz de um filme de Hollywood, dispunha os principais jogadores do Manchester City à volta de Pep Guardiola e colocava Mohamed Salah e Jürgen Klopp lado a lado. O título do filme? “Liverpool contra o mundo”. Esta noite, no Etihad, o Liverpool enfrentava o mundo de ataque e futebol ofensivo que é o City de Guardiola.

Ainda assim, a pressão estava do outro lado. Nas últimas semanas, uma aparente crise instalou-se no cerne dos citizens e provocou derrotas contra o Chelsea, o Crystal Palace e o Leicester que atiraram Guardiola, Bernardo Silva e companhia para o terceiro lugar da Premier League, atrás do Tottenham e do líder Liverpool. À entrada para o jogo desta quinta-feira, os reds tinham sete pontos de vantagem sobre o Manchester City e, em caso de vitória no Etihad, davam um passo de gigante rumo ao título e cavavam uma vantagem pontual de dez pontos em relação ao principal opositor. Na última jornada, no fim de semana, o Liverpool bateu de forma inequívoca o Arsenal (5-1) e apresentava-se agora em Manchester na máxima força, com o trio Mané-Firmino-Salah; no meio-campo, James Milner assumia a titularidade ocupada nos últimos jogos por Fabinho e alinhava ao lado de Henderson e Wijnaldum. Do outro lado, De Bruyne — ainda a ganhar ritmo depois de uma ausência prolongada devido a lesão — começava no banco e a linha intermédia pertencia a Bernardo Silva, Fernandinho e David Silva, que apoiavam diretamente Sterling, Agüero e Leroy Sané, que entrava no onze em detrimento de Riyad Mahrez.

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O Manchester City entrou pouco dominante, com a dupla Silva & Silva pouco em jogo e espaço para o Liverpool criar e segurar um encontro que não queria perder. Os reds controlaram a maioria do primeiro tempo, estiveram muito perto de marcar — num lance que só a tecnologia da linha de golo consegue resolver – e a cinco minutos do intervalo era difícil entender como é que Mané, Salah ou Roberto Firmino ainda não tinham celebrado qualquer golo. Mas é nestas alturas, de aperto, de desvantagem, de aflição, que surgem os grandes jogadores de futebol. Num lance contra a corrente do jogo, Bernardo Silva construiu uma jogada na ala esquerda e serviu Agüero, que pela primeira vez no jogo conseguiu enganar Virgil van Dijk e ganhar um metro de espaço que foi mais do que suficiente. Rematou à meia volta, bateu Alisson e levou os citizens a ganhar para o intervalo. Com o golo desta quinta-feira, o argentino alcançou uma marca impressionante: é o jogador com mais golos em jogos entre os big six ingleses desde 2011/12 (37).

Na segunda parte, a equipa de Guardiola procurou não cometer os erros do primeiro tempo e entrou forte e com vontade de controlar. Do outro lado, o tridente ofensivo do Liverpool parecia algo desfasado e longe dos níveis de qualidade a que nos tem habituado. Mas, tal como tinha acontecido do outro lado a cinco minutos do intervalo, também os avançados dos reds decidiram provar que é nestas alturas que o dever chama. Ao minuto 64, Trent Alexander-Arnold arrancou um cruzamento profundo para dentro de área, Robertson amorteceu para Firmino e o brasileiro só teve de cabecear para bater Ederson. O Liverpool tinha empatado e estava pronto para lançar as armas para o ataque em busca da vitória que o colocaria a dez pontos dos citizens.

Sete minutos depois, a justificar a titularidade garantida por Pep Guardiola, Leroy Sané concretizou um grande passe de Sterling com um remate excecional e explicou por que motivo está envolvido em 26 golos do Manchester City em 25 jogos em casa desde o início da temporada passada.

O Manchester City de Guardiola venceu o Liverpool de Klopp num jogo onde Bernardo Silva não só fez uma assistência como se tornou o jogador que maior distância percorreu esta temporada em jogos da Premier League (13,7 quilómetros). Os citizens encurtaram a distância para a liderança para quatro pontos e relançaram a luta pela conquista do Campeonato inglês.