“A Árvore da Discórdia”

Da Islândia, um país cuja filmografia raramente pica o ponto nos cinemas portugueses (recordo o patusco “Carneiros”, de Grímur Hákonarson, que passou por cá há dois anos), chega-nos este “A Árvore da Discórdia”, uma comédia negra realizada por Hafsteinn Gunnar Sigurðsson. Dois casais de vizinhos desentendem-se por causa da árvore de grande porte que um deles exibe no jardim, e a querela vai subindo de tom e tomando aspetos cada vez mais desagradáveis e ridículos, chegando mesmo a envolver os animais de estimação de ambos (ainda por cima, um gosta mais de gatos enquanto que o outro pertence ao clube dos cães). É um filme competente e com alguns momentos tragicómicos bem desarrincados, embora o realizador se demore tanto tempo no subenredo da atribulada separação do filho do casal que tem a controversa árvore no jardim, como na história principal do conflito entre os vizinhos.

“A Educadora de Infância”

Maggie Gyllenhaal interpreta, neste “remake” americano de um filme israelita, Lisa Spinelli, uma educadora de infância novaiorquina que aspira a ser poeta e sente-se cada vez mais frustrada no seu dia-a-dia profissional, familiar e doméstico. Um dia, Lisa julga descobrir no pequeno Jimmy, um dos meninos que tem a seu cargo na escola, um poeta de imensa precocidade e espontaneidade, e começa a fazer tudo para o proteger, estimular, e divulgar publicamente. Só que essa dedicação torna-se dramaticamente obsessiva, sobretudo quando a resposta daqueles que a rodeiam, quer aos seus anseios artísticos pessoais, quer ao pretenso dom de Jimmy, não é a que ela deseja. Gyllenhaal é muito boa na dececionada e descompensada Lisa, e a realizadora Sara Colangelo não deixa que “A Educadora de Infância” resvale para terrenos previsivelmente sensacionalistas ou melodramáticos.

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“O Cavalheiro com Arma”

Robert Redford fecha a sua carreira de ator de cinema com chave de ouro (estreou-se em “War Hunt”, um filme de guerra de 1962), personificando, neste filme de David Lowery baseado em factos reais, Forrest Tucker, um assaltante de bancos de longuíssima data, atividade a que se dedica como se fosse a vocação da sua vida, e se caracteriza por atuar da forma mais cavalheiresca e discreta possível.  Sempre elegantemente vestido e de chapéu, Tucker entra num banco de pasta na mão, dirige-se a um caixa ou ao gerente, mostra-lhes a arma que tem no bolso do casaco, pede-lhes para encher a pasta de notas e depois sai tão discreta e calmamente como entrou. Com Redford, contracenam aqui Sissy Spacek, Casey Affleck, Danny Glover e Tom Waits. “O Cavalheiro com Arma” foi escolhido como filme da semana pelo Observador, e pode ler a crítica aqui.