Hamid Adeli estava mortinho por comprar um Ferrari, mas o bom senso e um orçamento limitado aconselharam-no a ficar-se por um modelo usado. Descobriu um F430 de 2007 que cumpria os requisitos, mas a uns milhares de quilómetros de distância, pois ele vivia em Virginia e o desportivo italiano estava no Arkansas, num concessionário da Mercedes, o Superior Automotive Group.

Processada a compra à distância, Adeli decidiu jogar pelo seguro e se aceitou pagar caro (90 mil dólares), obrigou a uma pré-inspecção num concessionário da marca. O que o stand da Mercedes realizou no estado vizinho do Texas, num concessionário oficial do construtor transalpino. Tudo conforme e pago o Ferrari, o F430 foi expedido para outro concessionário da marca alemã, mais próximo de Adeli. Assim que foi dar uma volta no carro que tinha acabado de receber, Hamid Adeli rapidamente se apercebeu que alguma coisa estava mal. Aliás, apercebeu-se mesmo que muita coisa estava mal, pois além do cheiro a gasolina, havia outros pormenores menos bons no F430, que agora estava estacionado na sua garagem.

Rebocado o Ferrari para o concessionário da marca italiana mais próximo, o Competizione Sports Cars, no estado vizinho do Maryland, qual não é a surpresa quando o veredicto dos mecânicos apontava para o carro estar numa situação lastimosa. Uma fuga na tubagem de alimentação de gasolina justificava o cheiro a combustível mas, como se isso não bastasse, a inspecção acusou ainda problemas na suspensão e um colector de escape partido. Contactado o stand da Mercedes que lhe vendeu o Ferrari, esta foi a resposta que Hamid diz ter recebido: “O F430 está pago, entregue e, como solicitado, foi inspeccionado por um concessionário da marca italiana.”

Furioso com o comportamento do concessionário, Adeli avançou para um processo em tribunal por quebra da garantia, fraude e conduta imoral e o juiz deu-lhe razão. Segundo ficou provado, as oficinas da Ferrari no Texas descobriram uma série de defeitos no F430, e disso informaram a Mercedes no Arkansas. Mas estes optaram por esconder o jogo, alegando que era um problema para o futuro, mas não uma questão imediata. Os jurados não concordaram e determinaram que o concessionário teria de pagar 6.835 dólares como compensação, 13.366$ por danos acidentais e… 5,8 milhões de dólares (5 milhões de euros) como punição pelos danos causados. Até Adeli e o seu advogado ficaram surpreendidos, mas agradavelmente, ao contrário do concessionário que tentou vender o F430 com defeito e achou por bem falsificar a certificação da oficina da Ferrari.

É claro que o concessionário da Mercedes apelou da decisão, pretendendo pagar tudo menos os 5,8 milhões de dólares, mas a probabilidade de ter sucesso é mínima. Tudo porque falsificou um documento, com malícia, e a justiça para aquelas bandas não perdoa este tipo de habilidades.

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