Chocolates, biscoitos, bolachas, refrigerantes e bolos. Estes são alguns dos produtos nos quais as escolas portuguesas continuam a gastar milhares de euros, ignorando as orientações formuladas em 2012 pela Direção-Geral da Educação (DGE) com o contributo da Direção-Geral da Saúde, escreve a edição semanal em papel Diário de Notícias. As recomendações publicadas no documento com assinatura da DGE, que deviam ser cumpridas “tanto quanto possível”, têm como objetivo promover uma alimentação saudável e incluem uma lista de produtos a não disponibilizar aos alunos.

Recomendações da Direção-Geral de Educação

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Alimentos proibidos:
Salgados, Pastelaria, Charcutaria, Molhos, Refrigerantes, Gelados de água, Doces com teor de açúcar superior a 50%, Guloseimas, Snacks,Fast-food, Chocolates em embalagens superiores a 50g, Bolachas e biscoitos com cobertura e/ou recheadas.

Alimentos a limitar:
Bolachas/Biscoitos com menor teor de lípidos e açúcares (Maria, água e sal, etc.), Barras de cereais, Bolos à fatia, Bolos com ou sem creme, Manteiga, Cremes para barrar, Marmelada e compotas com teores de fruta de pelo menos 50%, Néctares de fruta com um valor de fruta entre os 25% e os 50% e chocolates, Gelados de leite ou de fruta.

Alimentos a promover:
Laticínios, Fruta, Hortícolas, Pão (sandes enriquecidas com hortícolas), Água, Sumos de fruta naturais, Sumos 100% sem açúcares ou edulcorantes adicionados, Bebidas que contenham pelo menos 70% de sumo de fruta e/ou hortícolas, Tisanas e infusões

Num só mês foram gastos 300 mil euros nos produtos acima referidos — no último mês surgiram 30 contratos no Portal Base, o qual se destina divulgar as contratações públicas, referentes à compra destes produtos por agrupamentos de escolas. Alguns destes contratos são referentes a uma das maiores empresas portuguesas de refrigerantes.

O DN refere ainda o relatório “Gerações mais saudáveis” do Conselho Nacional de Saúde, no qual consta que a maior parte das escolas não cumpre a proporção entre produtos a destacar e outros a limitar: “Um estudo recente, com uma amostra de 156 escolas públicas e cinco escolas privadas a nível nacional, revelou que somente 1,3% respeitam a proporcionalidade de 3:1 entre géneros alimentícios a promover e géneros alimentícios a limitar”, lê-se no relatório.

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Em 2016, o mesmo jornal dava conta de instituições de ensino que ainda disponibilizavam bebidas açucaradas e alimentos “pouco saudáveis” nas máquinas de venda automática e nos bares escolares. À data, as queixas continuavam a chegar à Direção-Geral de Educação. Segundo um estudo efetuado pela Faculdade de Ciências de Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto em 2015, 80% das escolas consideradas na investigação ainda ofereciam produtos incluídos “na lista negra” da DGE.

Nesta escola de Lisboa, só se serve comida saudável

De referir que no início de 2018 a Organização Mundial de Saúde (OMS) felicitou o Governo português pelos esforços na promoção da alimentação saudável, nomeadamente face às restrições ao consumo de açúcar, que tornam o país um dos líderes europeus na área da nutrição e saúde.