Foi durante uma entrevista a Kevin Hart, na sexta-feira, que Ellen DeGeneres defendeu o regresso do ator e comediante para a apresentação da cerimónia dos Óscares de 2019, depois de Hart ter abdicado do papel devido à polémica com tweets que escreveu há cerca de oito anos. A apresentadora revelou durante o seu talk show que ligou a alguém da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood a pedir que o norte-americano fosse reconsiderado como o apresentador da cerimónia. “Estava tão entusiasmada quando ouvi que te fizeram o convite. Pensei que era uma coisa ótima. Sabia o quão importante era e como era um sonho”, disse Ellen durante a entrevista.

Liguei para eles [para a Academia] e disse: ‘O Kevin é uma hipótese’, mas disse que não fazia ideia se ele quer ou não voltar a apresentar. ‘Qual é a vossa opinião?’ Eles responderam: ‘Queremos que ele apresente. Sentimos que talvez tenha compreendido erradamente, tenha sido visto erradamente ou talvez tenhamos dito algo errado, mas queremos que ele apresente'”, contou Ellen DeGeneres durante o programa de sexta-feira.

Kevin Hart, recorde-se, foi anunciado no início de dezembro do ano passado como o apresentador da cerimónia dos Óscares de 2019. No entanto, umas horas depois, o ator e comediante começou a ser alvo de várias críticas por afirmações que fez há cerca de oito anos sobre a comunidade homossexual no Twitter. “Se eu puder impedir o meu filho de ser gay, eu faço-o”, escreveu o norte-americano em 2010.

Kevin Hart desiste de apresentar Óscares após críticas da comunidade LGBT

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Face à polémica, Hart tomou a decisão de renunciar à apresentação dos Óscares por não querer ser “uma distração numa noite que deve ser comemorada por tantos artistas talentosos”. O comediante voltou ainda a pedir desculpa “à comunidade LGBT [Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais ou Transgéneros]” pelas palavras que proferiu. A Ellen DeGeneres — que há muito assumiu publicamente ser lésbica –, Kevin Hart confessou que este era um sonho antigo, mas que as manchetes da comunicação social começaram a desviar as atenções daquilo que era importante. “Começaram a dizer que ‘Kevin Hart rejeita pedir desculpa por tweets homofóbicos’ mas esqueceram-se de acrescentar o ‘de novo'” revelou. “Eu já avancei, sou um homem crescido”, referiu ainda.

Os meus filhos sabem quando o pai faz asneiras e estou à frente porque quero ser um exemplo para que eles saibam o que fazer. Neste caso, é difícil para mim porque foi um ataque. Isto não foi um acidente. Não foi uma coincidência que no dia a seguir a ter recebido o trabalho os tweets tenham surgido“, explicou Kevin Hart a Ellen DeGeneres.

“Isto não é novo. Eu já falei sobre isto, já pedi desculpa por isto”, disse ainda Hart, acrescentando que está zangado “porque todos estes oito anos estão a ser ignorados”. “Ninguém diz que isto foi há oito anos. Nenhuma manchete diz que há oito anos eu pedi desculpa”. “Tenho quase 40 anos. Se vocês não acreditam que as pessoas mudam, crescem e evoluem quando ficam mais velhas, não sei o que vos dizer”, disse na altura em que desistiu de apresentar a cerimónia, acrescentando que “o mundo está a ficar mais do que louco”. Kevin Hart afirmou ainda que não compreende porque é que, hoje em dia, as pessoas têm que “se justificar constantemente por coisas que fizeram no passado”.

No Twitter, Ellen DeGeneres revelou a entrevista e disse apoiar Kevin Hart e o seu regresso aos Óscares: “Eu acredito no perdão. Eu acredito em segundas oportunidade. Eu acredito em Kevin Hart”, lê-se na publicação, seguindo-se um tweet com a hashtag #OscarsNeedHart.

Kevin Hart disse a Ellen que, após a conversa com a apresentadora, estaria a reavaliar se vai ou não apresentar os Óscares. No entanto, segundo o The New York Times, numa entrevista ainda antes da passagem pelo talk show, o ator disse que não acreditava no seu regresso à cerimónia que se realiza no dia 25 de fevereiro.

O apoio de Ellen tem gerado alguma divisão. Enquanto parte dos seus seguidores concorda com a apresentadora, há quem considere que as piadas que Hart escreveu há oito anos têm de ter um castigo e não podem ser esquecidas. O apresentador da CNN, Don Lemon, referiu em direto que “pedir desculpa e avançar não torna o mundo melhor para as pessoas que são gays ou pessoas que são transgénero”, criticando ainda a entrevista com Ellen que “dá a entender que ele se tornou na vítima”.