Resgatado pelo FC Porto aos franceses do Nantes no verão de 2017, Sérgio Conceição tem algumas particularidades bem notórias desde que assumiu os azuis e brancos. Percebe-se, por exemplo, que vendo ou o que é falado sobre a equipa ou sobre si, está a par de tudo. E que, quando não gosta de alguma coisa ou tem um recado para enviar, não facilita – ainda recentemente, no jogo com o Belenenses no Jamor para a Taça da Liga, teve de dizer alto e bom som que estava com a braçadeira de técnico na mão para não ser de novo castigado. Depois, apercebe-se de forma célere quando uma ideia se transforma em soundbyte e tem tendência para ir repetindo até lhe deixarem de perguntar. E é aqui que entra mais um feito histórico alcançado no Dragão.

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Quando tentava alcançar e posteriormente superar o registo de 15 triunfos consecutivos de Artur Jorge em 1985/86, que era o recorde do clube, o técnico foi sempre deixando uma espécie de alerta que ia repetindo: “Nunca vi nos Aliados alguém a festejar um recorde de vitórias”; agora, perante a possibilidade de igualar o máximo de sempre em termos nacionais que pertencia ao Benfica de Jorge Jesus em 2010/11, mudaram as palavras mas manteve-se a ideia – “Significado? Nada. Coincide com a 18.ª vitória”. E até aproveitou para brincar com o facto dessa marca pertencer ao seu antigo treinador: “Nas várias entrevistas que deu, porque agora anda sempre a falar, esqueceu-se desse pormenor. É porque não se lembrou porque é algo importante e dele. Normalmente ele gosta de realçar aquilo que faz de bem… Digo isto com carinho, porque tenho grande carinho por ele”.

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Em resumo, quaisquer que sejam as palavras ou frases utilizadas, Sérgio Conceição tentou sempre deixar claro que aquilo que deve mover a equipa é a vitória no jogo seguinte e não propriamente os recordes que consegue ou não bater – mesmo que uma coisa deve levar de forma inevitável à outra. E é também por aí que se explica que tenha alcançado a sexta marca história estando apenas no FC Porto há ano e meio como treinador, depois das duas passagens como jogador: com 18 encontros consecutivos a vencer, agora tendo o Nacional como vítima, foi igualado mais um registo, que poderá ser ultrapassado num dos principais testes de fogo com a deslocação dos azuis e brancos a Alvalade, para defrontarem o Sporting.

Antes, o treinador que rendeu Nuno Espírito Santo no comando da equipa soma mais um registo histórico, que se junta a outros quatro que já tinha alcançado ao longo de 2017 (um) e 2018 (quatro), a saber:

Cinco jogos a começar o Campeonato de 2017/18 sem sofrer golos (e com 12 marcados), igualando a marca registada por José Maria Pedroto em 1983/84. No total, Iker Casillas esteve 530 minutos sem consentir qualquer golo, sofrendo apenas no triunfo por 2-1 em Vila do Conde frente ao Rio Ave por Nuno Santos aos 80′;

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88 pontos no final de um Campeonato, superando a melhor marca do clube que pertencia a José Mourinho em 2002/03, na primeira temporada completa que fez nos azuis e brancos (86), e igualando o registo máximo que pertencia ao Benfica de Rui Vitória em 2015/16, alcançado com uma ponta final onde os encarnados somaram dez vitórias seguidas;

Dois anos e meio depois, as lágrimas transformaram-se em sorrisos: Sérgio iguala recorde de pontos na Liga

Cinco vitórias consecutivas na Liga dos Campeões, um feito que a equipa nunca tinha conseguido nem nas melhores épocas na fase de grupos, nem na temporada em que chegou ao título já no atual formato (2003/04), e que continua em aberto para os oitavos de final da competição, onde os dragões irão defrontar os italianos da Roma;

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– 16 pontos na fase de grupos da Liga dos Campeões, num total de cinco vitórias (duas com o Lokomotiv de Moscovo, duas com o Galatasaray e uma com o Schalke 04) e um empate (Schalke 04) que igualam o melhor registo de sempre dos azuis e brancos nesta fase, que datava de 1996/97 quando António Oliveira era o treinador dos dragões.

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