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Os jogadores em liberdade condicional decidiram um jogo que estava preso (a crónica do FC Porto-Nacional)

Este artigo tem mais de 5 anos

Nacional conseguiu equilibrar no coletivo, FC Porto decidiu pelas individualidades (3-1). Não pelo que fazem sozinhas mas pela forma como se colocam ao serviço da equipa – mesmo em final de contrato.

Brahimi fez desta forma o primeiro golo, num lance que levaria guarda-redes Daniel Guimarães a ser substituído por lesão
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Brahimi fez desta forma o primeiro golo, num lance que levaria guarda-redes Daniel Guimarães a ser substituído por lesão

AFP/Getty Images

Brahimi fez desta forma o primeiro golo, num lance que levaria guarda-redes Daniel Guimarães a ser substituído por lesão

AFP/Getty Images

Nos últimos sete jogos no Campeonato, o Nacional tinha conseguido ganhar quatro, empatou dois e sofreu apenas uma derrota na deslocação a Alvalade com o Sporting. No entanto, era nesse último encontro que estava o principal aviso para o FC Porto esta noite no Dragão – não são todas as equipas que conseguem chegar ao terreno de um “grande” e jogarem como tal, a fazer da forma destemida como não têm receio de perder a sua principal arma para ficarem mais perto de ganhar. Não aconteceu mas ficou uma mensagem. Uma mensagem que se viria a prolongar para a partida com os campeões nacionais, onde os insulares acabaram por ser o adversário que mais dificuldades criou no Porto durante alguns momentos a par do Sp. Braga.

FC Porto vence Nacional (3-1) e reforça liderança na Liga antes do clássico em Alvalade

Costinha não tem propriamente o melhor currículo enquanto treinador. Além de curto, é modesto, com passagens por Beira-Mar, P. Ferreira e Académica (na Segunda Liga) antes de chegar ao Nacional e subir de divisão, após a curta permanência no Sporting como diretor do futebol entre 2010 e 2011. Comparando com o de jogador, está a léguas. Talvez por isso, o Ministro começou a ser olhado no início do Campeonato com uma certa desconfiança. Hoje, quase uma volta depois, o trabalho do antigo campeão europeu dos dragões (que foi companheiro de Sérgio Conceição na Invicta) deve ser destacado. Começou de forma intermitente, andou pelos lugares de despromoção, mas ascendeu ao meio da tabela quando assentou. No Dragão, o Nacional não foi muito inferior ao FC Porto em termos coletivos durante largos períodos mas as individualidades quebraram essa resistência.

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Spoiler alert: Corona foi o MVP do jogo. Um jogo especial, por ser o 100.º na Liga, onde fez duas assistências (algo que não acontecia desde abril de 2016, também frente ao Nacional) e conseguiu desequilibrar quando a equipa mais precisava. Fosse a receber a bola, fosse a partir no 1×1, fosse a explorar os movimentos interiores, era um Speedy Gonzalez à solta sem sombra de qualquer personagem que lhe pudesse quebrar o take minuto após minuto. No entanto, há jogos onde os artistas não principais também merecem Globo de Ouro. Neste caso, repartido por Brahimi e Herrera, os outros dois destaques nos dragões.

Corona fez duas assistências, Brahimi marcou dois golos: alas do FC Porto estiveram em destaque (MIGUEL RIOPA/AFP/Getty Images)

Ficha de jogo

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FC Porto-Nacional, 3-1

16.ª jornada da Primeira Liga

Estádio do Dragão, no Porto

Árbitro: Rui Costa (AF Porto)

FC Porto: Casillas; Maxi Pereira, Mbemba, Éder Militão, Alex Telles; Danilo, Herrera; Corona, Brahimi (Adrián López, 60′), Marega (Fernando Andrade, 89′) e Soares (Óliver Torres, 76′)

Suplentes não utilizados: Vaná, Diogo Leite, Sérgio Oliveira e Hernâni

Treinador: Sérgio Conceição

Nacional: Daniel Guimarães (Lucas França, 36′); Kalindi, Júlio César, Rosic (Diogo Coelho, 55′), Nuno Campos; Camacho, Jota (Riascos, 81′), Palocevic, Witi; Vítor Gonçalves e Rochez

Suplentes não utilizados: Hamzaoui, Diego Barcelos, Gorré e Kaká

Treinador: Costinha

Golos: Brahimi (32′ e 57′), Soares (38′) e Rochez (40′)

Ação disciplinar: nada a registar

Antes da deslocação à Vila das Aves, Sérgio Conceição comentou de forma irónica o facto de ambos poderem assinar contrato com outro clube por estarem a seis meses do final do atual vínculo com os azuis e brancos. “São jogadores que têm contrato. Estão livres? Não, estão em liberdade condicional. Na época passada tivemos situações exatamente iguais [Marcano e Reyes], mas tenho um grupo de trabalho extremamente profissional. Os jogadores estão envolvidos e comprometidos com os objetivos que temos para esta época. Se o Herrera e o Brahimi continuarem como estão, continuam a jogar; se o rendimento baixar, não jogam. É igual para toda a gente”, disse. Por um lado, o argelino, que se percebia estar condicionado pelos problemas físicos na coxa direita que o afastaram de vários treinos, fez o primeiro bis da temporada e esgotou a gasolina toda que tinha no tanque até ao limite (nem forças teve para festejar o seu segundo golo, acrescente-se); por outro, o mexicano, percebendo bem a colocação dos médios mais centrais do Nacional, recuou muitas vezes mais metros do que é normal para explorar, quase sempre com sucesso, o passe longo para as costas do adversário, originando a partir desse movimento desequilíbrios que estavam complicados de aparecer. O FC Porto venceu por 3-1 graças às individualidades mas pela forma como as mesmas se colocaram ao serviço do coletivo. Com ou sem contrato a acabar. Com mais ou menos emissários no estádio a ver.

Sem medo de ter bola e fazê-la circular em terrenos mais adiantados, o Nacional não só conseguiu colocar em sentido os dragões como condicionou a primeira fase de construção do adversário com uma pressão alta que começava a descer sem deixar de ser homogénea que ia baralhando os habituais movimentos da formação da casa no início do jogo. E viram-se alguns momentos de alto risco, como aquele que aconteceu aos seis minutos quando, após um corte na sua área, os insulares quiseram sair em posse em vez de jogarem rápido e direto na frente. É uma forma de estar em campo que entrou no ADN da equipa – que subiu na última temporada ao principal escalão – mas que também pode trazer dissabores quando alguma das peças falha: pouco depois, Corona foi lançado nas costas da defesa, assistiu Marega mas Daniel Guimarães conseguiu evitar o golo quase certo (7′).

[Clique nas imagens para ver os melhores momentos do FC Porto-Nacional em vídeo]

Sabendo poucos minutos antes de entrar em campo que podia mais uma vez ganhar pontos na liderança do Campeonato, devido à derrota do Sporting em Tondela que colocou os leões no quarto lugar (e depois do que aconteceu no Jamor frente ao Belenenses para a Taça da Liga, percebe-se que o que se passa nos outros campos é falado no grupo dos azuis e brancos sem problemas), o FC Porto queria mas não conseguia agarrar no jogo. Em determinados momentos, parecia mesmo estar amarrado num colete de forças, de onde não conseguia sair para atacar e não estava propriamente confortável em posição defensiva. Aos 16′, Danilo ficou perto de um autogolo na sequência de um canto; aos 20′, foi Iker Casillas que tirou o golo a Camacho. Só mesmo através das individualidades havia alguma expressão dos azuis e brancos na frente, como aconteceu quando um calcanhar de Brahimi inventou uma jogada que colocou Corona em boa posição para o cruzamento antes do corte da defesa contrária (26′).

Em termos coletivos, o FC Porto não conseguia quebrar a resistência do Nacional mas lá apareceu o segredo do costume neste tipo de circunstâncias: as individualidades. E basta perceber que, nos cinco jogadores com mais dribles conseguidos na Liga, quatro são dos dragões para se entender que existe liberdade de Sérgio Conceição para que essa criatividade de jogadores como Brahimi ou Corona apareça para ajudar a equipa a desequilibrar. Foi isso mesmo que veio a acontecer, exatamente com esses intérpretes: primeiro foi o argelino a receber na área após insistência de Maxi Pereira em terrenos mais adiantados e interiores para inaugurar o marcador (32′); depois foi o mexicano a controlar bem um grande passe de Herrera, a ter uma jogada de mágico na direita e a assistir para o cabeceamento certeiro de Soares (38′). Mas a história deste último quarto de hora de loucos não ficaria por aqui – os insulares reduziram pelo inevitável Rochez, aproveitando uma distração da defesa dos azuis e brancos na área (40′), e Soares ainda marcou mas o golo acabou por ser bem anulado (45+2′).

O Nacional queria estar vivo no jogo mas as incidências do jogo acabaram por ir matando aos poucos as suas aspirações (legítimas, pela forma como se apresentou) de conseguir no mínimo pontuar no Dragão. Às vezes existem pequenos detalhes ao longo de 90 minutos que podem fazer toda a diferença, que mais não seja por uma simples distração ou desconcentração, e foi isso que voltou a acontecer no início da segunda parte ao conjunto de Costinha: depois de ter sofrido o segundo golo pouco depois de ter sido obrigado a trocar o guarda-redes Daniel Guimarães por Lucas França, um choque entre o brasileiro e Rosic acabou por obrigar o central a ser evacuado de ambulância para o hospital e, apenas dois minutos depois, surgiu o 3-1: movimento de Corona para o meio onde tinha ficado em aberto um espaço “anormal” no esquema defensivo dos insulares, assistência do mexicano a isolar Brahimi e o argelino, que até neste lance revelou dificuldades, a rematar para o bis (57′).

Brahimi mal celebrou, utilizou as últimas forças para dar lugar a Adrián López, falou com o médico dos dragões e sentou-se no banco com gelo na coxa (60′). Corona até podia estar uns furos ainda acima do argelino, Herrera também fez uma exibição em cheio sobretudo no capítulo dos passes longos, mas a saída do argelino acabou por ser uma espécie de ponto final na dinâmica ofensiva dos azuis e brancos, ainda que muitas vezes partindo do individual para o coletivo e não o contrário. A 15 minutos do fim, com a entrada de Óliver Torres para o lugar de Soares (também ele esgotado em termos físicos), Conceição passava para o campo a mensagem de que queria mais e melhor circulação de bola, jogando em transições e não tanto em ataque continuado.

Camacho, uma das grandes revelações do Nacional na presente temporada, ainda teve um remate perigoso para a baliza de Iker Casillas mas o terceiro golo dos portistas acabou por ser um golpe demasiado duro para uma equipa que, quanto muito, pode ser criticada pela forma por vezes demasiado romântica como abordou a partida, jogando de igual para igual com os dragões. Ainda houve tempo para a estreia de Fernando Andrade e para mais um cabeceamento perigoso de Júlio César que passou a rasar o poste mas o resultado estava feito, assim como o caminho do FC Porto que, mais uma vez, voltou a ganhar pontos na liderança do Campeonato, tendo agora mais seis do que o Sp. Braga antes do clássico em Alvalade.

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