Um grupo de cientistas comparou o ADN de 10 espécies animais diferentes e detetou há certos genes que influenciam a quantidade de parceiros sexuais, noticia o jornal britânico The Guardian. Segundo o estudo, há certos marcadores que influenciam a quantidade de parceiros sexuais dos indivíduos, assim como o compromisso dos animais para criarem e protegerem as suas crias. Contudo, os resultados não são, para já, definitivos.

Publicado esta segunda-feira na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), o estudo analisou o tecido cerebral de 10 espécies diferentes. Cinco delas eram reconhecidas como monogâmicas — ratos, ratazanas, tubarões de água, sapos e peixes –, e as restantes eram parentes próximas, mas classificadas como não-monogâmicas. 

A análise mostrou que, nos machos das cinco espécies monogâmicas, existem pelo menos 24 genes cuja atividade foi constantemente aumentada ou diminuída nas espécies monogâmicas. Os genes envolvidos, no entanto, podem chegar a centenas, afirma Rebecca Young, bióloga da Universidade do Texas e uma das autores do estudo.

Demonstrámos que há mecanismos de expressão genética muito semelhantes que estão envolvidos na transição de uma espécie não monogâmica para uma espécie monogâmica”, explica a investigadora  Rebecca Young.

De um ponto de vista genético, a poligamia é muito anterior à monogamia. Das 10 espécies estudadas, segundo os investigadores, existem pelo menos 450 milhões de anos de diferença. Não obstante, falta também clarificar a noção que temos de monogamia, já que o entendimento que os biólogos têm não é o mesmo a nível social. Para os cientistas da investigação, trata-se de monogamia quando os animais estão juntos durante um período de acasalamento inteiro, partilhando deveres de cuidado parental e esforçando-se para protegerem as suas crias, o que muitas vezes não é tarefa fácil.

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Tens que tolerar outro animal durante um período prolongado de tempo e isso não é fácil. Podem tirar-te a comida, podem roubar-te o abrigo, podem transmitir-te doenças com os seus germes. Tomar conta das crias não é fácil. São como parasitas que te tiram os recursos e tornam a vida mais complicada, uma vez que por causa deles é mais provável que um predador vá atrás de ti”, explica Hans Hoffman, um dos autores do estudo.

Mas afinal, poderia este estudo ser extrapolado aos humanos? A investigadora  Rebecca Young afirma que não é viável, mas ainda assim não descarta essa hipótese. “Há diferenças entre os indivíduos e um teste tem que ser muito individualizado para ser eficaz. Mas pergunta se este teste era impossível? Nunca diria isso”, remata a investigadora.

Na natureza, cerca de 90% das aves são monogâmicas, mas apenas 3% dos mamíferos também o são.