O colégio da Comissão Europeia estará “em peso” em Bucareste, entre quinta e sexta-feira, para o lançamento da primeira presidência romena da União Europeia, que inspira alguma inquietação em Bruxelas, face à turbulenta situação política no país.

Em 1 de janeiro passado, 12 anos após a sua adesão, a Roménia assumiu a sua primeira presidência rotativa do Conselho da UE, que exercerá ao longo do primeiro semestre de 2019, num período que o presidente do executivo comunitário, Jean-Claude Juncker, tem repetidamente classificado como “crucial” para a União, que “encolherá” para 27 Estados-membros.

Durante o primeiro semestre do ano consumar-se-á a saída — ordenada ou desordenada — do Reino Unido do bloco europeu (em 29 de março) e terão lugar eleições europeias (entre 23 e 26 de maio), cabendo também à Roménia acolher, em 9 de maio, na localidade de Sibiu, a primeira grande cimeira “pós-Brexit”, para traçar o futuro da União.

Mais do que a inexperiência da Roménia, para assumir os comandos do Conselho da UE com dossiês importantes pela frente — como é o caso também das negociações do quadro financeiro plurianual da UE pós-2020 –, o que mais preocupa Bruxelas é a tensão política instalada no país, sobretudo devido a reformas no setor da Justiça empreendidas pelo atual Governo, que motivam, de resto, um “braço de ferro” entre Comissão Europeia e Bucareste.

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Internamente, há uma confrontação entre o Presidente Klaus Iohannis (de centro-direita) e o executivo liderado por Viorica Dancila, tendo em novembro de 2019 o chefe de Estado feito “soar os alarmes” quando declarou que o país não estava preparado para assumir a presidência da UE, posição que pouco depois “reviu”, à luz de uma remodelação governamental.

Juncker tem apelado várias vezes ao “consenso político interno” durante a presidência romena, de modo a garantir o seu sucesso. Na segunda-feira, o porta-voz da Comissão, Margaritis Schinas, apontou que o executivo comunitário acredita que a presidência romena está “tecnicamente pronta”, mas insistiu que “é necessário um mínimo de consenso político nacional” para “facilitar uma presidência bem-sucedida”, daí o apelo a um trabalho em conjunto que envolva “todos os atores no sistema político romeno”.

A cerimónia oficial de lançamento da presidência romena terá lugar em Bucareste na próxima quinta-feira, e no dia seguinte, após vários encontros entre o Governo romeno e o executivo comunitário, Juncker dará conferências de imprensa conjuntas — e separadas — com o Presidente Iohannis e a primeira-ministra Viorica Dancila.