A força policial de investigação alemã, a BKA, deteve o hacker suspeito de ser responsável por uma das maiores divulgações de dados pessoais online na Alemanha: trata-se de um jovem de 20 anos, estudante, que vivia com os pais. O suspeito confessou os crimes e acabou por ser libertado.

“O suspeito foi interrogado a 7 de janeiro pelo procurador responsável e por agentes da BKA”, explica a polícia num comunicado, citado pela Deutsche Welle e pela Der Spiegel. “Ele confessou amplamente as acusações contra ele e forneceu informação útil para além dos seus próprios crimes.”

De acordo ainda com o mesmo comunicado, o jovem — cuja identidade não foi revelada — foi libertado nessa mesma segunda-feira. As provas apreendidas durante a busca feita a casa do hacker estão agora a ser analisadas.

Um calendário do Advento com emails, moradas e números de telefone de políticos e jornalistas

O jovem em questão recolheu dados privados de centenas de personalidades alemãs, entre políticos, jornalistas e celebridades, incluindo a própria chanceler, Angela Merkel. Membros de todos os partidos políticos alemães, com exceção do partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD na sigla original), foram afetados.

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De seguida, o jovem divulgou esses endereços de email, números de telefone, dados de cartões bancários, fotografias e transcrições de conversas em chatsA forma encontrada foi a de publicar esses dados na sua conta de Twitter, com o nome de utilizador @_orbit, através de links que remetiam para uma espécie de calendário do Advento onde os dados iam sendo divulgados como se fossem uma “prenda” em cada dia.

De acordo com a BKA, o hacker terá agido sozinho e só tinha uma única motivação: “Irritação por declarações públicas feitas pelos políticos, jornalistas e figuras públicas afetadas.”

O caso provocou alguma polémica na Alemanha, com as forças policiais e o ministério do Interior debaixo de fogo pela demora em encontrar o culpado pela divulgação dos dados, o que demorou cerca de um mês. A ministra da Justiça alemã já reagiu as estas notícias, afirmando que o seu gabinete está a analisar se se justifica introduzir medidas legislativas para tornar as leis de privacidade no país mais apertadas. “Estamos a avaliar se apertar essas medidas faz sentido ou se é sequer necessário”, declarou Katarina Barley, citada pelo New York Times.