Pelo menos dois polícias morreram esta quinta-feira em confrontos entre as Forças Armadas da República Centro-Africana (RCA) e um grupo armado em Bambari, um dia depois da violência registada na capital do país, Bangui, ter provocado outras seis vítimas mortais.

Dois polícias foram mortos e um outro foi ferido em Bambari”, indicou o porta-voz do Governo centro-africano, Ange-Maxime Kazagui.

Três dezenas de “feridos por balas” foram tratados pelos Médicos Sem Fronteiras no hospital daquela localidade, no centro do país, de acordo com aquela organização não-governamental.

Na manhã de quinta-feira, 10 de janeiro de 2019, elementos da UPC (União para a Paz na República Centro Africana) e seus aliados lançaram diversos ataques na cidade de Bambari”, indicou o Governo através de um comunicado.

A missão das Nações Unidas no país, MINUSCA, “enviou elementos para o centro da cidade” de Bambari, indicou o porta-voz, Vladimir Monteiro. Os capacetes azuis foram alvo de disparos na mesma cidade na quarta-feira, indicou a mesma fonte.

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Bambari deveria acolher hoje e sexta-feira a jornada mundial da alimentação, um evento onde se esperava a presença do Presidente centro-africano, Faustin-Archange Touadéra.

Este evento, originalmente previsto para 16 de outubro último, tinha já sido adiado por duas vezes devido a violências. O Governo centro-africano suspendeu as cerimónias.

A RCA caiu no caos e na violência em 2013, depois do derrube do ex-Presidente François Bozizé por vários grupos juntos na designada Séléka (que significa coligação na língua franca local), o que suscitou a oposição de outras milícias, agrupadas sob a designação anti-Balaka.

O conflito neste país, com o tamanho da França e uma população que é menos de metade da portuguesa (4,6 milhões), já provocou 700 mil deslocados e 570 mil refugiados, e colocou 2,5 milhões de pessoas a necessitarem de ajuda humanitária.

O Governo do Presidente Faustin-Archange Touadéra, um antigo primeiro-ministro que venceu as presidenciais de 2016, controla cerca de um quinto do território.

O resto é dividido por 18 milícias que, na sua maioria, procuram obter dinheiro através de raptos, extorsão, bloqueio de vias de comunicação, recursos minerais (diamantes e ouro, entre outros), roubo de gado e abate de elefantes para venda de marfim.

Portugal participa na Missão Multidimensional Integrada das Nações Unidas para a Estabilização da República Centro-Africana (MINUSCA), comandada pelo tenente-general senegalês Balla Keita, que já classificou as forças portuguesas como os seus ‘Ronaldos’.

Portugal tem 214 militares empenhados em missões na RCA, dos quais 159 na MINUSCA – uma companhia de paraquedistas e elementos de ligação – e 50 na Missão Europeia de Treino Militar-República Centro-Africana (EUMT-RCA).

A importância da participação portuguesa é ainda salientada pelo facto de o 2.º comandante da MINUSCA ser o general Marco Serronha e o comandante da EUMT-RCA ser outro oficial general português, o brigadeiro-general Hermínio Teodoro Maio.