José Mourinho é muito pragmático na forma de abordar o seu presente: sem clube, aproveitou de novo para visitar a família, vai regressar na próxima semana a Londres e continuará a fazer a sua autocrítica até encontrar a melhor oportunidade em termos futuros. Ainda assim, o seu nome tem vindo a ser apontado de forma insistente ao Benfica, hipótese que o técnico deixou cair. “Neste momento, não tenho intenção de trabalhar em Portugal”, garantiu esta quinta-feira à CMTV.

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“Percebo essa pergunta sobre o Benfica mas não gosto da resposta. No futebol, aprendi duas coisas: quando se sai de um clube não se fala, não se lava roupa suja, não se procura publicamente fazer qualquer tipo de crítica porque é um capítulo encerrado e foi sempre assim; depois, a segunda coisa que aprendi foi a respeitar os clubes que me querem e os que não me querem. Por isso, nunca quis confirmar nem desmentir nada, tenho uma enorme respeito por quem me convida e outros de que se falam mas que não fizeram convites. Não gostava de ir por aí mas a melhor maneira de respeitar um grande clube e um grande presidente, que demonstrou sempre nos anos em que nos conhecemos ser verdadeiramente amigo, é dizer qualquer coisa. E isso é dizer que não fui convidado”, começou por referir sobre o tema o antigo técnico do Manchester United.

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“Se fosse convidado, obviamente que o presidente e o Benfica seriam os primeiros a saberem a minha decisão mas ajudando um pouco a retirar conversa sobre esse assunto, acho que posso dizer que neste momento não tenho intenção de trabalhar em Portugal e que o melhor para o presidente e para o Benfica é terem essa tranquilidade para apoiarem o Bruno [Lage] e pensarem no futuro de forma tranquila. Hoje não, neste momento estou bem como estou e nada mais do que isso”, prosseguiu.

“São coisas que se dizem e que não vou alimentar. Quando um treinador ou um jogador regressam, e agora têm o exemplo de um jogador [Pepe] que voltou, significa que alguma coisa positiva fizeram. Senti isso quando voltei ao Chelsea, é uma honra tremenda porque não é uma aposta no escuro, estão a tentar contratar um treinador ou jogador que conhecem, que já lá esteve e sabem o valor da pessoa. Acho que quando não estou a treinar o que adoro mesmo é que não falem de mim e isso é também não proporcionar qualquer tipo de diálogo para além deste. Neste momento não sou opção para o Benfica e vamos ver amanhã na TV o Sporting-FC Porto, que vai ser um bom jogo”, rematou sobre o tema, antes de fazer uma projeção do Campeonato.

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“O jogo de amanhã vai ser fundamental porque Sporting, Benfica e Sp. Braga precisam que o FC Porto perca. Se o FC Porto ganhar amanhã em Alvalade, sendo uma equipa forte, compacta, coesa, que é tática e fisicamente forte, que se sente que está também mentalmente forte, vai ser muito difícil perder o primeiro lugar; se o FC Porto perder com o Sporting, continua a ser o principal candidato ao título mas será diferente”, analisou o antigo campeão europeu pelos dragões em 2004.

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Por fim, José Mourinho, que se encontra de novo em Portugal para umas curtas férias antes de regressar a Londres na próxima semana (“porque como os filhos são crescidos, já não precisam tanto da nossa atenção diária como antes e podem ficar sozinhos uns dias para nos deixarem vir a casa”, acrescentou), deixou também algumas pistas sobre o futuro projeto na carreira. “Quando não estou a trabalhar não gosto de falar, quando treino tenho por norma três jogos por semana, são seis conferências, e a última coisa que gosto de fazer nestas fases é falar. Agora é viver a vida com a tranquilidade que é possível agora e ficar à espera da melhor oportunidade. Sou um treinador muito jovem, apesar de estar há muito tempo. Tenho 55 anos, não tenho 75. Ganhei uma prova europeia há dois anos, não foi há 20; ganhei uma Taça da Liga inglesa há dois anos, não foi há 20; fiquei em segundo da Premier League há seis meses, não foi há seis anos. Tenho o direito agora ao meu tempo de autocrítica, de análise a tudo o que vivi nos últimos anos, e com tranquilidade de poder pensar e preparar a próxima etapa”, concluiu.

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