Paulo Rangel tem uma certeza sobre a crise interna que o PSD vive atualmente: “É negativa para as instituições e para a própria democracia”. Em declarações no “Programa das 9”, transmitido na TVI24, o eurodeputado social-democrata comentou a situação do partido e o desafio que Luís Montenegro propôs a Rui Rio para marcar eleições diretas. Para o antigo candidato à liderança do partido, “não é normal” que “em pleno período eleitoral”, se lance uma discussão destas. “Vamos estar a fazer uma discussão interna enquanto os outros partidos estão a fazer campanha eleitoral”, afirmou.

Ninguém desencadeia uma crise política que tem estas consequências num partido por causa de um comentário lateral num programa de rádio de uma pessoa que está fora da política (…) É uma cortina de fumo”, disse ainda Paulo Rangel.

O eurodeputado mostrou-se surpreendido com a decisão de Luís Montenegro de avançar com o desafio a Rui Rio: “Surpreende-me esta situação vinda de Luís Montenegro, uma pessoa com sentido de responsabilidade”, referiu. Mas agora que a questão foi aberta “também não pode ser ignorada”. “Isto cria uma crise política que deixa o partido numa situação difícil”, sublinhou Rangel, que não abordou uma possível candidatura, caso o PSD avance para eleições diretas. “Sinceramente, nem vou discutir a questão das eleições”.

Luís Montenegro anunciou esta sexta-feira que está disponível para ser “de imediato” candidato à liderança do partido, desafiando Rui Rio a marcar eleições diretas já e a apresentar a sua própria candidatura. “Estou disponível para me candidatar de imediato à liderança do PSD convidando o dr. Rui Rio a marcar já diretas e a apresentar a sua própria candidatura”, acrescentou Montenegro, pedindo “coragem” e que Rio não se “refugiasse atrás de questões formais”, jurídicas e administrativas.

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As quatro caras de Luís Montenegro no dia em que desafiou Rio

Ainda esta sexta-feira, Marcelo Rebelo de Sousa encontrou-se com Rui Rio no Porto, e vai receber Luís Montenegro na próxima segunda-feira. À saída do encontro, o líder do PSD Rui Rio disse que falaram “sobre assuntos de política interna e externa” porque já não falavam pessoalmente “há algum tempo”. Mas questionado sobre se iria convocar eleições diretas, como Montenegro pediu, Rio pediu paciência. “Vou responder naturalmente, não vou fazer de conta que nada está a acontecer, isso era hipocrisia. Mas fui corredor de 100 metros quando tinha 22 anos, agora é meio fundo e fundo, com calma”, disse.

Rio após encontro com Marcelo. “Vou responder, não vou fingir que nada aconteceu”