A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) deve registar mais de dois milhões de euros em perdas com o colapso do Banco Espírito Santo (BES), em processo de liquidação. O caso envolve o fundo de pensões da entidade que, quando tinha Pedro Santana Lopes como provedor, fez um investimento em obrigações que hoje correspondem a imparidades na ordem dos 2,6 milhões de euros, revela o Jornal de Negócios na sua edição desta sexta-feira.

É um dos problemas que o provedor Edmundo Martinho herda e que tem de resolver agora que se confirma que o fundo de pensões da Misericórdia de Lisboa surge na lista de credores na liquidação do BES — o seu mandatário, conta o Negócios, terá pedido a consulta do processo de liquidação que corre no juízo do Comércio da Comarca de Lisboa. Falta agora que a Santa Casa seja uma credora reconhecida numa listagem que será feita em março.

O investimento em causa saiu penalizado com a decisão do Banco de Portugal, em dezembro de 2015, de transferir as obrigações sénior BES detidas pelo Fundo de Pensões SCML no valor de 2,6 milhões de euros, do Novo Banco para o BES. Na sequência dessa decisão, as contas do fundo de pensões registaram uma imparidade por referência a essas obrigações de cerca de 90%.

Isto significa também que, há mais de três anos, foi logo registado o embate da retransmissão de dívida nas contas consolidadas: ou seja aqueles 2,3 milhões foram logo dados como “perdidos”. Agora, está apenas inscrita a possibilidade de aqueles títulos de dívida virem a render mais 300 mil euros, perto de 12% do valor investido — é o montante que, à partida, a Santa Casa antecipa receber na liquidação do BES. De acordo com o Negócios, a comissão liquidatária já recebeu, em setembro, reclamações referentes a 21.830 credores.

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