É uma espécie de “win-win situation”: uma situação em que o resultado é bom para os dois lados. Segundo o comentador e ex-líder do PSD Luís Marques Mendes, tanto Luís Montenegro como Rui Rio agiram bem — um ao desafiar o líder para uma clarificação e o outro ao aceitar tirar as teimas –, e tanto um como o outro vão sair bem na fotografia se, como prevê, a moção de confiança de Rui Rio for aprovada no Conselho Nacional.

“Se Rui Rio ganhar, se a moção de confiança for aprovada, vai reforçar a sua liderança, e nesse caso não restam dúvidas de que vai defrontar António Costa nas legislativas de outubro, independentemente do que aconteça nas europeias. Mas se assim for, Montenegro também ganha: pode dizer que teve a coragem de fazer o desafio; não corre o risco de ir a votos em outubro e perder contra António Costa, e fica na pole position se as coisas correrem mal em outubro”, disse o comentador na SIC.

Ou seja, ganham todos, incluindo o PSD porque, diz Marques Mendes, “clarificação é sempre melhor do que paz podre e o partido sai sempre reforçado”. Foi o que aconteceu com o PS quando, em 2014, António Costa desafiou António José Seguro, cujas semelhanças o comentador diz serem evidentes.

Para Marques Mendes, “as sondagens são o sinal exterior do mau estar” no partido, e portanto, é sempre melhor haver uma clarificação para apaziguar as hostes, para um lado ou para o outro. Por isso diz que teria sido “melhor” haver logo eleições direitas, até porque faria com que o partido, que está desmotivado, se “mobilizasse” numa campanha — o que poderia mesmo funcionar como um motor de arranque da campanha eleitoral para as europeias. Mas a clarificação via Conselho Nacional também serve, diz Mendes.

“Rui Rio podia ter fingido que nada se passava, os estatutos estão a favor dele, mas fez bem ao responder ao desafio da clarificação”, acrescenta o comentador, arriscando que, no seu entender, a moção de confiança do líder vai ser aprovada pelos conselheiros — que se reúnem no máximo daqui a 15 dias. “Acho que Rui Rio vai ganhar no Conselho Nacional”, diz, mesmo que o voto seja secreto (basta 10% dos conselheiros pedirem para votação ser secreta).

Segundo Mendes, há quem vote por “convicção”, mas a grande maioria dos conselheiros sociais-democratas vai votar em função dos lugares que receiam perder nas listas para as eleições. Uma crítica que vai nos dois sentidos: “Isto acontece dos dois lados. Há deputados que têm medo de perder os lugares mas a história dos lugares é uma avenida com dois sentidos.”

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