Rui Rio, em entrevista à Notícias Magazine (edição impressa), defende que se deve aliviar o IRC (Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Coletivas) e criar outras medidas para fazer aumentar o investimento das empresas. Para o líder social-democrata, ao apostar nas empresas está também a apostar nas pessoas.

“Se conseguirmos ter mais crescimento económico, pelas exportações e não pelo consumo, na volta seguinte as pessoas começam a usufruir desses benefícios. Porque o consumo não é o motor, é o objetivo”, diz o líder do PSD. “O que nós queremos não é que a economia cresça pelo consumo, ele deve crescer porque produzimos mais e temos mais riqueza. Este Governo fez ao contrário.”

Para Rui Rio enquanto não se apostar no setor setor privado, nas empresas, não se vai melhorar a competitividade da economia e não vai ser possível ter melhores salários. “Se a ambição dos portugueses é ter cada vez mais um salário melhor, não vão conseguir de certeza com esta governação”, critica o social-democrata falando do Governo PS apoiado por BE e PCP. “É preciso ter uma governação que olhe para o futuro, que aposte na competitividade das empresas.”

Falando da falta de maioria absoluta no Parlamento, Rio não rejeita a possibilidade de uma coligação com o CDS nem de governar sem maioria. “Mas há linhas vermelhas que não se podem ultrapassar.”

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Por ter erros a apontar ao Governo e propostas a fazer, Rui Rio dizia, na entrevista dada antes da crise que estalou dentro do partido (e publicada este domingo), que é nisso que tem de se focar enquanto líder da oposição. “Se depois há ruído que abafa um bocado essa minha atividade, isso não depende de mim.”

Na entrevista à Notícias Magazine, Rio dizia que não tem “perdido tempo em lutas internas”, mas depois do desafio de Luís Montenegro, talvez esta postura se venha a alterar. “Preferia que a estrutura dirigente estivesse toda alinhada a trabalhar e sem provocar ruído, claro que preferia. Era muito mais simples. Esse ruído naturalmente só facilita a vida ao PS e ao Governo”, disse o líder do PSD ainda antes de anunciar que vai apresentar uma moção de confiança dentro do partido.

“A minha resposta é não”. Rio antecipa-se e apresenta moção de confiança no Conselho Nacional

Sobre as eleições europeias que se avizinham, Rui Rio não adiantou nomes, nem confirmou que Paulo Rangel fosse novamente cabeça de lista. Mais, quando questionado se estava satisfeito com o desempenho do eurodeputado, o líder social-democrata respondeu não estava “descontente com nenhum dos deputados”. “É impossível a lista ser totalmente reconduzida, o que não significa que eu esteja desagradado com a atuação daquele que possa não ser reconduzido.”

Na mesma entrevista, Rui Rio defendeu que o PSD pode ganhar as próximas legislativas, até por considerar que o PS já está em condições de as perder. “Quando temos este descontentamento todo no país, o PSD pode ganhar as eleições. Ai pode, pode. As eleições começam por se perder e só depois é que se ganham (…). O PS está em condições de as perder, vamos nós pôr-nos em condições de ganhar”, refere.

Mesmo antes do desafio de Montenegro, Rio diz não estar arrependido de se ter candidatado à liderança do PSD, mas admite que não contava com tanta resistência interna. “Não estamos no tempo do Estado Novo, não estamos em nenhuma ditadura, em que os líderes dos partidos tenham um chicote com que batem nas pessoas quando elas se portam mal. Vivemos numa democracia, a liberdade também acarreta responsabilidade. Essa responsabilidade é muito mais de quem perturba do que de quem lidera”, afirmou.

O presidente do PSD admite que preferia que “a estrutura dirigente estivesse toda alinhada a trabalhar e sem provocar ruído”, considerando que “esse ruído só facilita a vida ao PS e ao Governo”. Reiterou não estar preocupado com o que está “à direita” dos sociais-democratas, defendendo que o partido deve crescer ao centro e na abstenção.

“Para que é que vou desgastar-me a tentar segurar 1 ou 2% à direita, quando temos muitos, muitos milhares de votos para conquistar? São pessoas que tradicionalmente até podendo votar no PS, estão desagradadas com uma governação encostada ao BE e ao PCP”, apontou.