Pelo menos quatro pessoas morreram e outras 90 ficaram feridas num ataque com um carro armadilhado ocorrido esta segunda-feira na zona leste da capital do Afeganistão, Cabul, segundo as autoridades locais. O balanço provisório oficial precisou que as vítimas mortais são três guardas e um civil e que entre os feridos, a maioria civis, estão contabilizadas 23 crianças.

O ataque ocorreu junto a um complexo, conhecido como Green Village, que durante vários anos foi ocupado por funcionários das diferentes agências das Nações Unidas presentes em Cabul. A maioria dos funcionários da ONU decidiu mudar-se em dezembro passado para um local menos exposto a possíveis ataques.

No momento da explosão, o complexo estava parcialmente vazio, informou o porta-voz do Ministério do Interior afegão, Najib Danish, acrescentando que “apenas alguns guardas” estavam no local. O porta-voz referiu, no entanto, que a explosão provocou danos graves nas casas que ficam nas imediações do complexo.

O local também fica perto da estrada que liga a capital afegã à cidade de Jalalabad, onde o tráfego automóvel é particularmente intenso ao final do dia. O atentado não foi, até ao momento, reivindicado.

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Este ataque acontece numa altura em que tem existido uma intensificação dos esforços diplomáticos para acabar com o conflito afegão, que opõe os talibãs às forças governamentais, apoiadas pela comunidade internacional.

No âmbito desses esforços, o enviado norte-americano para a paz no Afeganistão, Zalmay Khalilzad, está a estabelecer durante este mês de janeiro vários contactos na região, com uma agenda que passa pela Índia, China, Paquistão e pelo território afegão.

Nos últimos meses, a Rússia e o Irão têm organizado encontros paralelos com representantes talibãs. E a China, que deseja ampliar o seu poder de influência na região, também tem estado atenta e estabelecido contactos com os insurgentes.

O último ataque em Cabul contra cidadãos estrangeiros aconteceu em finais de novembro e na altura foi reivindicado pelos talibãs. O ataque teve como alvo a empresa de segurança britânica G4S e matou então 10 pessoas, incluindo quatro membros da empresa.

No passado dia 24 de dezembro, um outro atentado com um carro armadilhado, seguido de um ataque conduzido por um grupo de homens armados, provocou a morte de 43 pessoas num edifício governamental. O mês de dezembro também ficaria marcado pela intenção manifestada do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de querer retirar cerca de metade das 14 mil tropas norte-americanas destacadas no Afeganistão, dias depois do anúncio da retirada da Síria.

Segundo algumas estimativas, o Afeganistão foi o teatro de guerra mais mortífero em 2018, ultrapassando a Síria.