Ter um sono conturbado, com muito movimento e interrupções, ou dormir menos de seis horas pode ser tão ou mais prejudicial para as artérias como o tabaco, de acordo com um estudo avançado em Espanha, no Centro Nacional de Pesquisas Cardiovasculares (CNIC, na sigla em espanhol). O estudo foi publicado na revista da Associação Americana de Cardiologia e revela que problemas com o sono podem aumentar até 34% os riscos cardiovasculares.

Com base numa amostra de 4.000 pessoas, sem histórico de doenças cardíacas e cuja média de idades rondou os 46 anos, relacionou-se a qualidade do sono com o risco de sofrer um AVC (sigla para acidente vascular cerebral) ou uma paragem cardíaca. Durante uma semana, os participantes dormiram com um dispositivo que mede continuamente os movimentos enquanto se dorme, analisando, assim, a qualidade do sono. Quanto mais os participantes no trabalho de campo se movimentavam ou acordavam durante as diferentes fases do sono, pior eram os indicadores sobre a qualidade do sono.

Os investigadores concluíram então que as pessoas que dormem menos de seis horas têm uma probabilidade de 27% de ter aterosclerose — acumulação de placas nas artérias, responsável por problemas cardiovasculares  — relativamente aos que dormem entre sete a oito horas. Para aqueles que têm interrupções no sono e que se movimentam muito durante a noite, a probabilidade é de 34% relativamente aos que dormem contínua e tranquilamente.

É fácil recomendar a uma pessoa que pare de fumar para proteger o coração, mas o sono tem soluções mais complexas. Às vezes é um problema de ansiedade, outras de falta de sono porque se vai dormir tarde… Cada pessoa conhece-se bem e sabe como pode descansar melhor”, afirma Valentín Fuster, diretor do CNIC, citado pela ABC

Além do aumento do risco de sofrer um ataque cardíaco, a acumulação de placas nas artérias é ainda responsável por problemas digestivos e má circulação, o que leva à dormência e à dor nas extremidades do nosso corpo. O sono junta-se, assim, à lista de fatores que põem em risco a saúde cardiovascular, território já muito conhecido pela obesidade, pelo colesterol, pela hipertensão, pelo tabagismo ou pela falta de exercício físico.

Embora não seja estatisticamente significativo, o estudo sugere ainda que o sono excessivo — considerado o que ultrapassa as oito horas — também pode ser um fator de risco, principalmente para as mulheres. É, pois, cada vez mais importante considerar o sono como uma ferramenta terapêutica e aliá-lo a uma dieta equilibrada e a uma atividade física regular.

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