Se fosse preciso escrever quatro ou cinco linhas para descrever João Félix, avançado do Benfica, as duas primeiras frases eram óbvias: “Jogador de futebol. Com especial inclinação para golos importantes”. O miúdo do Seixal tomou a gosto a andar a correr por entre os crescidos e esta terça-feira voltou a marcar — só ele, solitário, sem mais companhia na ficha de jogo –, garantindo a passagem dos encarnados às meias-finais da Taça de Portugal. Dominou com o pé esquerdo como mandam os manuais do futebol e rematou com o direito como ditam as regras. Em menos de nada, Miguel Silva estava batido e João Félix estava de joelhos no chão a celebrar com Seferovic.

Com o golo desta terça-feira frente ao V. Guimarães, o avançado de 19 anos já marcou em todas as competições internas em que participou (quatro golos no Campeonato, um na Taça de Portugal, outro na Taça da Liga e sete na Segunda Liga, ainda ao serviço do Benfica B). Depois do golo decisivo frente ao Sporting, que empatou a partida e evitou a derrota em casa frente aos leões, João Félix garantiu sozinho, pela primeira vez, uma vitória ao Benfica e a passagem às meias-finais da Taça, onde os encarnados não chegavam há dois anos.

Com este golo, João Félix igualou a sua época mais goleadora enquanto jogador profissional: a anterior, 2017/18, onde marcou seis golos em 19 jogos pelo Benfica B. Na flash interview, logo após o apito final de Hugo Miguel, o jovem avançado falou pouco mas falou o suficiente para deixar claro que algo mudou nos encarnados com a chegada de Bruno Lage e a ida de Rui Vitória. “Conseguimos o objetivo principal, que era a vitória e a qualificação para as meias-finais e agora vamos ver. Sporting ou Feirense? É indiferente. São duas boas equipas. Nós vamos fazer o nosso trabalho e logo se vê. Podemos dizer que sim, as coisas mudaram. Temos estado todos juntos a puxar para o mesmo lado e isso é muito importante numa equipa. Temos conseguido ter bons resultados, boas exibições, e é para continuar assim”, explicou o avançado, que voltou a formar dupla ao lado de Seferovic, tal como já tinha acontecido nos últimos dois jogos, contra o Rio Ave e o Santa Clara, no novo 4-4-2 que Lage trouxe para substituir o adormecido 4-3-3.

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O treinador encarnado, que leva agora três vitórias em três jogos à frente da equipa principal do Benfica, mostrou-se satisfeito com a exibição na primeira meia hora de jogo e lembrou que agora é preciso “evoluir num sistema que é novo”. “Estamos realmente satisfeitos pelo resultado e pelos 30 minutos, 35, do início do jogo. Entrámos com enorme controlo e a criar oportunidades e foi com enorme mérito que chegámos à vantagem. Na segunda parte já não tivemos capacidade de controlar o jogo com bola por isso controlámos sem bola. Acho que chegamos ao fim com um resultado justo. Relativamente à tranquilidade: aquilo a que me propus quando regressei a Portugal foi estar perto de casa e aquilo que senti desde o primeiro dia na equipa principal do Benfica foi uma enorme tranquilidade das pessoas. A tentar mudar aquilo que não estava a acontecer. Dos jogadores…para ouvir, para trabalhar e para evoluir num sistema que é novo”, afirmou Bruno Lage, que enfrenta agora um período de extrema exigência, com um jogo já na próxima sexta-feira e outro na terça da próxima semana.

Ainda assim, o técnico do Benfica voltou a recordar a passagem e o legado de Rui Vitória no clube e lembrou que as três vitórias consecutivas não mudam aquilo que foi o início de temporada. “O Benfica tem uma história enorme. Não é por três jogos que se muda. Tem um passado com o Rui Vitória com vários títulos. O Benfica é enorme, é grande e não são estes três jogos que mudam alguma coisa”, acrescentou Lage. Contudo, e apesar de uma certa desvalorização por parte do treinador, a verdade é que os encarnados não estavam dois jogos sem sofrer golos há mais de um mês.