A história de amor entre Anabela Baldaque e a moda conta-se em mais de três décadas, um casamento sólido capaz de fazer inveja a muitos. Depois de terminar o curso na Escola de Moda Gudi, Anabela atravessou a fronteira para aprender mais, numa altura em que “no Porto não havia quase nada”. Passou por Paris e Itália, onde visitou os ateliês de grandes casas de moda internacionais e regressou a fervilhar de ideias na cabeça. “Encontrei um Porto nos anos 1980 que era um poço de criatividade na música, na dança e na performance”, conta em entrevista ao Observador.

Acabou por criar a sua própria marca e ainda se lembra da sua coleção de estreia. “As minhas primeiras peças tinham demasiada informação. Como tinha sempre tantas ideias não era capaz de limpar, queria sempre acrescentar.”

A criatividade e a imaginação correm-lhe nas veias até hoje e tem no conforto, na elegância e na feminilidade os ingredientes principais do seu ADN artístico. Em setembro de 2000 abre a sua primeira loja na Foz, “apaixonada pelo cheiro do encontro do rio com o mar daquela zona”, afinal “a moda também é emoção”. Quase vinte anos depois teve a vontade de abraçar um novo desafio é grande. Na Foz acabo por não ter segredos, já conheço as clientes, faltava-me o efeito surpresa e um estimulo para mim própria”, explica.

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Foi “num feriado qualquer” que se cruzou com uma loja de 80 metros quadrados e um jardim nas traseiras, situada em pleno quarteirão das artes. Decorou-a com móveis simples e amovíveis – uma cadeira que até veio do lixo e uma folha de palmeira que estava perdida num jardim – e aqui instalou o Bela Balda Studio. Nesta sua nova morada, Anabela apresenta uma linha de roupa inspirada no streetwear, jovem, descontraída e a preços acessíveis.

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Segundo a criadora, esta é uma oferta “que funciona para todo o tipo de mulher, com tecidos mais simples em peças com menos conteúdo”, onde tem uma abordagem mais urbana e a liberdade de fazer “todas as brincadeiras” que normalmente não faz numa coleção.

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Com o algodão como matéria-prima principal, muitos estampados gráficos e pouca cor, a Bela Balda é essencialmente uma linha intemporal com base em t-shirts, sweats ou vestidos camiseiro, mas também o nome que batiza “um lugar versátil e polivalente”. Desfiles, projeções de filmes ou workshops são algumas das possibilidades que o espaço pode receber, convidando miúdos e graúdos a aprender moda, nas suas diferentes vertentes, e a pôr as mãos na massa.

Marcado no calendário está já “Pano Para Mangas”, um projeto em que diferentes artistas vão intervir numa peça criada pela designer em pano cru. Ana Vidigal é a primeira convidada desta iniciativa, que acontece no dia 19 de janeiro, sábado, entre as 16h e as 20h, dia das inaugurações simultâneas em Miguel Bombarda.

Rua Adolfo Casais Monteiro, 59. Terça a sábado, das 11h às 19h.